No fim do SummerCEmp, que ideias ficam para a próxima legislatura europeia?

O último dia do SummerCEmp é dedicado a pensar o futuro. A União Europeia entra numa nova fase, em que Parlamento e Comissão se renovam, e é tempo de planear as medidas a tomar na próxima legislatura. Onde queremos estar em 2024? Como estará o mundo, e como queremos que esteja a União Europeia?
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Podemos adivinhar alguns temas que terão de constar na agenda nos próximos anos. O primeiro deles todos, o que mais cresce nos resultados do Eurobarómetro, é o ambiente. Os efeitos das alterações climáticas são cada vez mais visíveis, quer porque se acentuam, quer porque recebem maior atenção por parte de imprensa e dos políticos. Como dizia hoje um orador do SummerCEmp, a agenda climática não pode ser apenas dos partidos Verdes; os maiores partidos precisam de desenhar os seus programas com uma componente ambiental robusta, sob pena de perderem a atenção de grande parte dos eleitores.

Outro prato forte será a Europa da diplomacia e da defesa e segurança. O debate sobre o uso da unanimidade nas decisões de política externa do Conselho da União Europeia está longe de ter ficado encerrado na última legislatura, e os aliados históricos da Velha Europa estão com pouca vontade de continuar a gastar recursos a defendê-la de tensões crescentes vindas do Leste, próximo e distante. Quer a Europa ser autónoma em decisões sobre defesa e segurança? Para isso, será necessário investimento na militarização dos Estados-Membros e uma maior coordenação a nível europeu, projetos que encontram sérias reservas em vários países.

São dois temas entre muitos outros: tecnologia, política comercial, completar a reforma da zona euro, ciência e inovação, direitos e liberdade na União... Começam a surgir as primeiras notícias sobre o programa da futura Comissão Europeia. Entre as ideias que foram sendo avançadas, podemos ler um fundo soberano de cem mil milhões de euros para apoiar a criação de "campeões europeus", um plano europeu para o clima, ou regulação da tecnologia de reconhecimento facial. A presidente-eleita Ursula Von der Leyen tem agora dois meses de intenso escrutínio para formar uma comissão capaz de ser aprovada pelo Parlamento Europeu. Será bom estar atento à audição dos vários comissários e à agenda que a presidente irá apresentar. A capacidade de governação do nosso país está intimamente ligada ao sucesso da União Europeia, e só a esse nível de soberania teremos capacidade para resolver alguns dos desafios do presente.

A capacitação da sociedade para participar nestes debates é muito importante. A sessão final contou com apelos a que os 40 jovens que participaram neste evento se mantenham no espaço público, a discutir a União Europeia, como dinamizadores de uma reflexão para o médio e o longo prazo. Portugal nomeou uma candidata a comissária a quem é reconhecida competência, mas é agora urgente promover um debate nacional sobre a pasta ideal a pedir e sobre as medidas que Portugal quer ver propostas pela Comissão e discutidas no Parlamento e no Conselho da UE.

As más notícias são que há muito por fazer. As boas notícias são a quantidade muito significativa de novas vozes que aparecem para o fazer. Para o ano há mais ​​​​​​​SummerCEmp.

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