"Não senti nenhum sinal do maior partido para se ter uma solução pré eleitoral"
Em entrevista ao DN e TSF - amanhã publicada na edição impressa - Assunção Cristas acusa o ministro Eduardo Cabrita de tiques de arrogância na forma como se envolveu numa guerra de palavras com o presidente da câmara de Mação. A líder do CDS diz que o governo aprendeu pouco com a tragédia de 2017 e que não deixa de ficar espantada com a forma como tem lidado com os incêndios deste ano.
"Fico sobretudo espantada quando vejo o ministro Eduardo cabrita reagir como reagiu em relação a Mação que há um ano foi um concelho evidenciado pelo governo como um concelho exemplar na prevenção dos fogos e um ano depois há uma acusação a um autarca que fez um grande trabalho e que teve a infelicidade de ver o seu concelho ardido. O governo aprendeu muito pouco, tem tiques de arrogância quando faz este tipo de abordagem, agora todas as pessoas estão mais conscientes e faz o seu melhor. "
Assunção Cristas acusa ainda o governo de andar a gastar dinheiro em kits de proteção que não servem, afinal, para proteger as populações dos incêndios. É a reação da líder do CDS à notícia desta sexta-feira sobre a distribuição de equipamento por parte da proteção civil que não protege as pessoas dos incêndios.
"Continuamos com meios aéreos que não chegam, com bombeiros a queixarem-se que não têm os subsídios de combustíveis e não estão preparados para toda a ação... ainda hoje mesmo ficámos estupefactos com os kits de proteção que afinal não eram de proteção era só para sensibilizar as populações da necessidade de terem esses kits. Portanto temos o governo a gastar dinheiro a entregar uma coisa às populações que afinal não serve exatamente para o objetivo em que as pessoas acreditariam que era protegê-las numa situação de incêndio".
Nesta entrevista a líder do CDS fala sobre a suposta greve dos camionistas de combustíveis, avisando que pode estar em causa a ordem pública. ao DN a líder do CDS lembra que o governo tem a obrigação de acautelar todos os cenários e que os sindicatos não se podem esquecer que o direito à greve não é absoluto.
"O direito à greve tem que ser respeitado, mas não é um direito absoluto", diz. "Há outros direitos, nomeadamente o direito das pessoas terem bens alimentares nos supermercados, o direito a terem umas férias com tranquilidade e portanto, sendo uma questão entre privados, o governo tem uma palavra a dizer porque pode estar em causa a ordem pública. Se tivermos os supermercados sem comida estamos a falar da ordem pública que está em causa. O governo tem que fomentar o diálogo, tem que planear todos os cenários possíveis e tem que ter capacidade de ação se não se resolver este problema que espero que seja resolvido em tempo."
Assunção Cristas garante que se não houve um entendimento pré-eleitoral no centro direita foi porque o PSD não quis. Em entrevista à TSF e ao DN a líder do CDS aproveita para responder ao apelo de Pedro Santana Lopes, garantindo que os centristas estão sempre disponíveis para conversar com toda a gente, mas lembra que, neste momento, não há outra alternativa de parceiro para o CDS que não seja o PSD.
"O CDS está sempre disponível para conversar com toda a gente. A nossa preocupação é apresentar um projeto sólido, credível e assente em ideias que muitas vezes são únicas mas que fazem o seu caminho para podermos ter um espaço político de centro-direita reforçado. Temos que ter 116 deputados no centro direita e o CDS quer contribuir o mais possível. O diálogo que nasce desse espaço político pode ser feito a dois, a três, com todos os que tiverem representação parlamentar. Portanto do lado do CDS sempre houve e sempre existirá toda a disponibilidade para conversar sabendo que só com 116 deputados é que conseguimos chegar lá. Não senti grande abertura ou nenhum sinal da parte do maior partido para se poder ter alguma solução pré eleitoral. Acho que isso acontecerá pós eleitoralmente. O CDS está sempre disponível para conversar. Olhamos para o PSD como o partido com o qual nos podemos entender. Não temos outra alternativa de parceiro."
Leia a entrevista completa na edição impressa do DN e ouça na TSF