Marco António considerava "útil" nova liderança do PSD após as europeias
Cauteloso, em entrevista à Rádio Renascença e Público, Marco António Costa defende indiretamente que Rui Rio deveria ter dado lugar a uma nova liderança no PSD após os maus resultados nas eleições europeias. "Teria sido útil haver um refrescamento do partido, mas é o dr. Rui Rio que está, é ele que quer continuar e, portanto, vamos em frente", diz.
O antigo vice-presidente de Pedro Passos Coelho afirma que é preciso "um golpe de asa" para as próximas eleições que só pode passar pela atitude do líder em prol da "unidade interna" ou por um "programa altamente reformista".
Atribui o mau resultado do partido nas eleições europeias à questão dos professores, dossiê que considerou ter sido gerido de forma "inábil" e aos ataques ferozes que o cabeça de lista do PSD, Paulo Rangel, fez ao primeiro-ministro."Uma certa pessoalização de ataques ao primeiro-ministro não seja...as pessoas não gostam, talvez não tenha sido a melhor opção por parte de Paulo Rangel".
Sobre a condução política do PSD, o deputado social-democrata critica ainda o facto de o partido fazer votações "alinhado com a esquerda populista". E dá um exemplo do que Rui Rio não deve fazer: "Sobre os elogios ao SIRESP, espero que tudo corra bem, mas se falhar o sistema, não sei qual é o discurso que o PSD poderá ter a seguir, depois do que disse o líder. "
Desafia Rio a ter intervenções mais regulares no plano público e acima de tudo, "começar a fazer valer os pontos de vista do partido naquela que é a sua visão estratégica para o país e não comentar estritamente as decisões ou meramente as opiniões que o PS e o governo vai lançando para tentar testar a opinião pública".
Marco António Costa mostra-se também cauteloso sobre o futuro do partido pós Rio, em caso de um desaire eleitoral. Aos putativos candidatos à liderança deixa elogios, entre os quais Luís Montenegro, Carlos Moedas, Jorge Moreira da Silva e Miguel Pinto Luz. Mas sobre Pedro Duarte garante que "está a contribuir apenas com algumas ideias" e de Miguel Morgado diz que se habituou a vê-lo como pensador ativo e alguém que tem sobre todos os temas uma atitude bastante avaliativa, crítica, e que pondera, todos os assuntos com grande atenção. É uma pessoa que será sempre útil no âmbito de um projeto".
Volta a dizer que Pedro Passos Coelho, "um primeiro-ministro que teve a capacidade de liderar um país em circunstâncias tão difíceis, que o fez com dignidade exemplar, respeitando adversários, construindo uma base sólida entre dois partidos para governar o país e dando a volta por cima", não pode ser "desconsiderado para o futuro".
O presidente da Comissão Parlamentar de Defesa diz que só agora anunciou publicamente a decisão de se afastar da Assembleia da República, onde foi deputado em três mandatos, no final da legislatura porque a questão de Tancos precisava de ser gerida. Mas, frisa, "não saio por estar em conflito com ninguém nem por estar com mal com a vida política nem com a minha vida. Não desejo nem pretendo transmitir uma mensagem de que estou a fazer um afastamento".