Marcelo: Militares deficientes em regime de contrato "são bem importantes" às Forças Armadas

Presidente da República assistiu à chegada dos 43 militares que estiveram na missão de treino da UE na República Centro-Africana.
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"Não é um problema só de gratidão. É um problema de justiça e de conceção de Forças Armadas" garantir que os soldados em regime de contrato que fiquem deficientes no decorrer das missões militares entrem para os quadros permanentes, afirmou o Presidente da República esta terça-feira.

Marcelo Rebelo de Sousa falava aos jornalistas no aeródromo de trânsito nº1 (área militar do aeroporto de Lisboa), onde presidiu à cerimónia de receção aos 43 militares que estiveram à frente da missão militar de treino da UE na República Centro-Africana (RCA) até ontem - e em que estavam presentes algumas dezenas de familiares que o Presidente saudou.

"As Forças Armadas garantem, naquelas circunstâncias ou noutras idênticas, aquilo que devem garantir: a continuação" desses militares contratados ao "serviço das Forças Armadas e, portanto, do país", sublinhou o Presidente da República, adiantando que esse foi um assunto já abordado durante as três ou quatro visitas que já fez ao Hospital das Forças Armadas (HFAR) para estar com o soldado comando Aliu Camará.

Aliu Camará ficou gravemente ferido num acidente ocorrido durante uma operação na RCA em meados de junho, tendo-lhe sido amputadas as duas pernas. Marcelo admitiu que a solução a encontrar vai abranger também situações como a do soldado do Exército a quem foi transplantado o fígado, depois de ter desmaiado durante uma prova de campo em Santa Margarida e que por isso ficou "debilitado do ponto de vista de saúde".

Questionado sobre se a integração nos quadros permanentes de militares em regime de contrato que fiquem com deficiências devido ao cumprimento das missões militares, o Presidente foi enfático: "As Forças Armadas e o país devem uma coisa muito óbvia" e que passa por garantir que "aqueles homens - no caso de Camará foi evidente desde a primeira hora - continuem no Quadro Permanente a servir as Forças Armadas."

Eles "são bem importantes ao serviço das Forças Armadas", insistiu o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas.

E quanto aos militares deficientes que já deixaram as Forças Armadas, como o cabo-adjunto Horácio Mourão (gravemente ferido em 2005, no Afeganistão)? Para Marcelo Rebelo de Sousa, "o diploma que vier a ser feito não é para um caso", pelo que "encarará aquilo que for possível remediar de situações" ocorridas no passado.

"São do melhor que temos"

Marcelo explicou a sua não anunciada presença na cerimónia de receção ao contingente militar com a vontade de "dar um abraço" ao major-general Hermínio Maio, que no último ano e meio liderou a missão de treino da UE na RCA (EUTM/RCA, sigla em inglês).

Realçando o "prestigio internacional e nacional" de Hermínio Maio, o Presidente salientou que este major-general do Exército "representa a excelência das nossas Forças Armadas".

Marcelo quis também, com a sua presença, "dar um abraço" aos 43 militares - 33 do Exército, seis da Força Aérea e quatro da Marinha - e que agora regressaram a Portugal.

"São do melhor que temos em Portugal, do melhor em competência, em capacidade de treino, em paciência para fazer pedagogia e educação, para acompanhar uma realidade muito difícil" como aquela que o próprio Presidente da República viu aquando da visita à RCA.

Essas três mulheres e 40 homens "merecem a gratidão de Portugal. É Portugal que fica prestigiado no mundo" com o desempenho e exemplo dado pelos militares portugueses, enfatizou Marcelo Rebelo de Sousa.

O Presidente citou mesmo o que "os chefes de Estado todos, um a um", lhe costumam dizer: "Por amor de Deus, precisamos dos portugueses porque na formação, no treino, na hora da verdade, na intervenção, nós contamos é com os portugueses. Os outros são muito importantes, são complementos importantes, mas queremos os portugueses."

Daí que, "se fossemos a responder a todas as solicitações, estaríamos em todo o mundo, porque por vontade da comunidade internacional" não haveria alternativa a essa situação, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.

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