Jerónimo de Sousa. "O PS não mudou de natureza"
"Que ninguém se iluda! Nem o PS mudou de natureza, nem abandonou as suas opções de fundo, inscritas nos PEC de má memória". Jerónimo de Sousa defendeu hoje que o PCP é a única força capaz de influenciar "a sério" as políticas do Governo, num contexto em que já se levanta o "espantalho de falsos excessos e de anúncio de novas crises". "Ninguém se iluda, o que se avançou não está garantido e estes últimos tempos mostram que a balança se começou a inclinar mais", alertou o líder comunista, que falava no discurso de encerramento da Festa do Avante!, a tradicional rentrée dos comunistas.
Numa intervenção de 47 minutos, Jerónimo de Sousa apontou sobretudo ao Partido Socialista - referido por 12 vezes no discurso - para defender o voto na CDU como a única via "para não deixar o PS de mãos livres para praticar a velha política", numa batalha eleitoral em que "se está a decidir entre avançar ou andar para trás". "Já se percebeu qual é a aposta do grande capital: favorecer o PS e a criação de condições para que possa livremente retomar por inteiro a política que garante os seus interesses", prosseguiu Jerónimo.
Falando da presente legislatura, o líder comunista referiu que "foram quatro anos vencendo resistências internas e ameaças e pressões externas, vindas do grande capital e das forças políticas que o servem". Agora, "precisamos de travar e vencer uma nova batalha - a da criação de condições para continuar a avançar e impedir que se ande para trás", afastando "os perigos de qualquer pretensão de regresso às políticas de empobrecimento".
Sem nunca nomear o outro partido parceiro da "geringonça", o Bloco de Esquerda, Jerónimo de Sousa insistiu que a CDU é a "única força que em outubro próximo, tal como há 4 anos, dá garantias que os interesses dos trabalhadores e do povo não serão hipotecados às crises que o capital monta, nem sujeitos ao dogma do défice".
Referindo-se às legislativas do próximo dia 6 de outubro, o secretário-geral do PCP afirmou que a CDU vai "para este combate para crescer em votos e deputados", lembrando que "não há vencedores antecipados nem deputados previamente eleitos" e que "todos os caminhos do reforço da CDU estão em aberto". Confiança é a "palavra de ordem" do partido, sublinhou o líder comunista.
A coligação que reúne PCP e PEV parte para estas legislativas depois dos resultados eleitorais dececionantes nas eleições autárquicas (em que perdeu dez câmaras) e nas europeias de maio último, em que perdeu um eurodeputado.
Agora, Jerónimo diz que quer dirigir-se "a todos os que já alguma vez votaram na CDU, lembrando que o seu voto foi sempre honrado". E a quem "nunca votou na CDU, para destacar que é nesta coligação que encontram o grande espaço de convergência de democratas e patriotas".