Poder
22 maio 2019 às 14h36

Inédito na campanha. PS ataca parceiros à esquerda

Cabeça de lista dos socialistas percorre hoje o distrito de maior influência do PCP, Setúbal. À noite, Centeno junta-se à campanha.

João Pedro Henriques

Novos alvos na campanha socialista. Até agora, Pedro Marques tem centrado os seus ataques nos partidos à direita do PS mas esta quarta-feira, ao almoço, numa sociedade recreativa do Barreiro, atacou os parceiros do PS na 'geringonça'.

Falando explicitamente no BE e no PCP, o cabeça de lista do PS disse que as ideias dos dois partidos sobre a moeda única - de que são profundamente críticos - representam "um grande perigo".

E depois insistiu, deixando a ambos os partidos um desafio: "Onde estão os partidos à nossa esquerda quanto ao euro. Querem ou não querem a saída?". "Temos de fazer essa pergunta", sublinhou.

Antes, falando do PSD e do CDS - mas também dos partidos à esquerda do PS - afirmou o seu partido como "o guardião da responsabilidade orçamental". "Nem à nossa esquerda nem à direita podem reclamar esse património", disse.

Pedro Marques defende coligação de europeístas contra a extrema-direita

De manhã, no Montijo, o cabeça de lista do PS às eleições europeias defendeu a criação de uma coligação de europeístas contra a extrema-direita, admitindo que esta pode incluir gente das famílias políticas conservadora e liberal.

Confrontado pelos jornalistas com as declarações do dirigente do PS Pedro Nuno Santos, de terça-feira à noite, em Aveiro, em que este defendeu uma clara separação entre socialistas e liberais, também no plano europeu, Pedro Marques negou hoje contradições dentro do seu partido.

"Eu já tenho dito que nós temos que construir uma coligação de europeístas contra a extrema-direita, contra os nacionalistas, contra a xenofobia. Essa coligação pode incluir gente da minha família política, gente da família conservadora, gente da família liberal, desde que não se passe essa barreira da xenofobia da extrema direta, dos nacionalismos", declarou.

Defendendo que o caminho a seguir é "uma coligação pelo progresso da Europa" e pelo "avanço do projeto europeu", o candidato socialista considerou, porém, que é necessário evidenciar "as diferenças que existem, mesmo entre europeístas".

Segundo Pedro Marques, enquanto nas "famílias [políticas] mais à direita" há "quem esteja conformado com a situação atual do projeto europeu", o Partido Socialista quer um projeto europeu com mais direitos sociais e a reforma da zona euro.

"Uma visão mais progressista da Europa, de uma Europa que avança, é uma Europa que recusa a xenofobia os populismos, a extrema-direita (...). Agora, há diferenças políticas entre nós e a direita, claramente, e entre nós e os liberais também, depois, nas escolhas que se fazem para o avanço do projeto europeu", concluiu.

O candidato falava aos jornalistas após uma visita a um lar de idosos, no Montijo, concelho de onde é natural, no distrito de Setúbal, depois de um curto passeio pelo centro da cidade.

Ao décimo dia de campanha, Pedro Marques começou o dia na cidade em que as pessoas o cumprimentam pelo nome e onde ser um "filho da terra" é um argumento no apelar ao voto.

"Não se esqueçam de ir votar no domingo, ainda por cima agora até têm um conterrâneo", diz o candidato a uns senhores sentados na esplanada do café da praça, onde aproveitou para tomar um café.