Exército entregou estudo com 110 medidas para atrair e reter soldados
Quatro quintos das 110 medidas identificadas pelo Exército para minorar o problema da falta de praças "a curto prazo" são da responsabilidade do próprio Exército, disse esta quarta-feira o chefe do Estado-Maior do ramo, general Nunes da Fonseca.
O chefe do Estado-Maior do Exército (CEME), que intervinha na Comissão parlamentar de Defesa sobre a Lei de Programação Militar (LPM), adiantou que o estudo já foi entregue à tutela - tendo o ministro João Gomes Cravinho criado um grupo de trabalho com elementos dos três ramos das Forças Armadas para aprofundar o assunto.
"Os efetivos começam a ser relativamente reduzidos" e apresentam uma "tendência decrescente" ao longo dos últimos anos, que em 2018 correspondeu a 60% (5535) do número autorizado (9212), observou Nunes da Fonseca.
Segundo o CEME, esse défice "tem de ser suprido à custa de medidas que não dependem só do Exército" - mas, no conjunto das 110 medidas identificadas no estudo, "87 medidas de curto prazo" estão na esfera do Exército.
O estudo em causa elencou 99 medidas a implementar a curto prazo e 11 de natureza estrutural, a mais longo prazo. No conjunto das primeiras, 87 devem ser feitas pelo Exército "com alguma capacidade financeira, imaginação e orientação", explicou o CEME aos deputados.
As restantes 12 de curto prazo estão na esfera da tutela, por envolverem aspetos remuneratórios e estatutários, enquanto as 11 de longo prazo implicam intervir no domínio das infraestruturas - onde sobressai o conceito da "messes das praças".
Estas messes de praças correspondem a adaptar as antiquadas casernas ainda existentes na generalidade dos quartéis - com dezenas de beliches e uma casa de banho comum ao fundo do corredor - num espaço com quartos para quatro militares e casas de banho próprias, informou o CEME.
Muitos dos voluntários "acabam por desistir" ao fim de poucos dias ou semanas "por não se reverem naquelas condições" de habitabilidade e conforto que o Exército ainda oferece, assumiu o general.
O CEME estimou em cerca de 500 mil euros o investimento necessário para criar cada uma dessas "messes de praças".