Francisco Assis apoia uma candidatura de Ana Gomes

O antigo líder parlamentar e antigo eurodeputado, agora afastado de cargos políticos, acha que uma candidatura de Ana Gomes poderia "congregar várias esquerdas".
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É um apoio inesperado: Francisco Assis e Ana Gomes estão nos antípodas do PS, ele à direita, ela à esquerda.

Em declarações à Rádio Renascença, Assis defendeu uma candidatura presidencial de Ana Gomes - salientando, de caminho, que o PS não se pode ausentar das próximas presidenciais (janeiro de 2021) como fez nas últimas.

"Acho que não há personalidade em melhores condições do que Ana Gomes para ser candidata à Presidência da República. E também acho que era bom que a esquerda democrática tivesse um candidato. Se ela se candidatar eu seguramente vou apoiá-la."

O antigo eurodeputado - aliás parceiro de Ana Gomes durante alguns anos na bancada do PS no Parlamento Europeu - reconhece que Marcelo Rebelo de Sousa tem reeleição garantida, se quiser: "A reeleição de um Presidente foi a regra até agora sem exceção."

Ana Gomes diz que não quer ser candidata nas próximas presidenciais, mas há duas coisas que são certas: a corrupção, uma das suas grandes batalhas, será tema de campanha e a hashtag #anagomes2021 ganhou novo fôlego com a divulgação dos documentos do Luanda Leaks, uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas que pretende mostrar as irregularidades nos negócios de Isabel dos Santos.

Contudo, Ana Gomes poderia ser uma "escolha natural", visto ser uma personalidade que "pode realmente congregar várias esquerdas e não apenas o Partido Socialista", defende Assis.

Questionado sobre o apoio de Francisco Assis a uma candidatura presidencial de Ana Gomes, o primeiro-ministro e líder do PS foi lacónico: "Isso são comentários que eu não faço", disse António Costa.

O PS tem congresso convocado para maio, em Portimão - e as presidenciais deverão ser um tema importante. Será o último congresso do PS antes das eleições próximas presidenciais.

Ana Gomes deixou nas últimas eleições o Parlamento Europeu - tendo sido eleita eurodeputada pela primeira vez em 2004 (com Ferro Rodrigues na liderança do PS, cuja direção integrava). Contudo, não desapareceu do espaço público - antes pelo contrário.

As recentes revelações do Luanda Leaks vieram dar razão às denúncias que faz há anos sobre o enriquecimento supostamente ilícito da empresária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente de Angola José Eduardo dos Santos.

Antes de se dedicar à política no PS foi diplomata. Em 1999 tornou-se na primeira representante diplomática de Portugal na Indonésia depois do corte de relações entre os dois países, em 1975, quando as tropas do regime de Suharto invadiram Timor-Leste.

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