Ferro Rodrigues repudia "tentativas de intimidação" a deputadas e a ativistas

Presidente da Assembleia da República repudia ameaças a três deputadas e a ativistas.
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O presidente da Assembleia da República repudiou nesta quinta-feira as ameaças dirigidas a três deputadas e a ativistas por parte de um "grupúsculo de extrema-direita", condenando os "atos racistas e fomentadores do ódio" e a tentativa de intimidação.

"A tentativa de intimidar deputados e ativistas políticos reveste-se de gravidade suficiente para que, enquanto presidente da Assembleia da República, não possa - nem queira - deixar de a condenar, manifestando também todo o meu apoio aos visados", escreveu Ferro Rodrigues, numa mensagem nesta quinta-feira enviada à Lusa.

Afirmando ter tomado conhecimento das ameaças com "enorme sentimento de repúdio", o presidente do Parlamento sublinha que este tipo de atos pode constituir crime e que a situação em concreto, "conforme é público, já está a ser investigada por parte das autoridades judiciárias".

"Não obstante a gravidade dos acontecimentos, tenho inteira confiança nas deputadas e nos deputados do nosso Parlamento, guardiões da nossa democracia, para saber que nunca deixarão os seus atos e as suas opiniões serem condicionados por vãs tentativas de intimidação por grupúsculos inimigos dos direitos e das liberdades fundamentais", lê-se na mensagem.

Eduardo Ferro Rodrigues alertou que a "direita populista e extremista está a tentar, em muitas democracias consolidadas, ressuscitar do passado de triste memória uma agenda antidemocrática".

Solidarizando-se com as deputadas e demais visados, o presidente do Parlamento considerou que "este tipo de atos racistas e fomentadores do ódio é ilustrativo disto mesmo, merecendo, por isso, a mais veemente condenação de todos os democratas e da Assembleia da República".

As deputadas do Bloco de Esquerda Beatriz Dias e Mariana Mortágua, a deputada não inscrita (ex-Livre) Joacine Katar Moreira e mais sete ativistas são visados num e-mail contendo ameaças dirigido ao SOS Racismo.

"Informamos que foi atribuído um prazo de 48 horas para os dirigentes antifascistas e antirracistas incluídos nesta lista rescindirem das suas funções políticas e deixarem o território português", lê-se no e-mail em causa, a que a Lusa teve acesso.

No e-mail, refere-se que, se o prazo for ultrapassado, "medidas serão tomadas contra estes dirigentes e os seus familiares, de forma a garantir a segurança do povo português", e que "o mês de agosto será o mês do reerguer nacionalista".

Com data de 11 de agosto, a mensagem de correio eletrónico foi enviada a partir de um endereço criado num site de e-mails temporários para o SOS Racismo, e é assinada "Nova Ordem de Avis - Resistência Nacional".

O Bloco de Esquerda confirmou na quarta-feira ter tomado conhecimento do teor das ameaças e adiantou que as duas deputadas do partido vão apresentar queixa ao Ministério Público.

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