Exército explica posse de vice-chefe no Ministério da Defesa em nota interna
A inédita posse do vice-chefe do Estado-Maior do Exército (VCEME) no salão nobre do Ministério da Defesa, na terça-feira, visa "reforçar a confiança e estreitar o relacionamento institucional" entre a tutela e a cúpula do ramo.
A informação foi dada domingo, numa mensagem interna assinada pela porta-voz do Exército, major Elisabete Silva, após o DN ter noticiado sábado que o ministro João Gomes Cravinho decidira dar posse a pelo menos alguns dos oficiais generais cuja nomeação é da sua responsabilidade.
A medida, que motivou surpresa e até indignação, foi vista no meio militar como uma potencial "clara interferência política" na cadeia de comando das Forças Armadas por alguns desses cargos serem de natureza operacional, como sintetizou uma das altas patentes ouvidas pelo DN.
A verdade é que os titulares desses cargos são nomeados pelo ministro da Defesa e sob proposta dos respetivos chefes militares, os únicos oficiais generais das Forças Armadas que até agora eram empossados pelo responsável político que os nomeava: o Presidente da República - o que alimentava a tese de que a hierarquia militar depende diretamente do Chefe do Estado, apesar de este só nomear quem o Governo propõe.
Fontes governamentais rejeitaram ao DN existir interferência política na base dessa opção do novo titular da pasta, traduzindo apenas a sua vontade de conferir maior dignidade aos atos de posse de responsáveis militares por si nomeados e manifestar - num momento em que a imagem do Exército foi particularmente afetada pelo caso de Tancos - igualmente solidariedade com o ramo.
O Exército, na mensagem interna divulgada domingo de manhã e invocando a mensagem publicada na página digital da Presidência da República, informou igualmente os subordinados que o tenente-general Rui Guerra Pereira tinha sido proposto para VCEME pelo chefe do ramo, general Nunes da Fonseca, nomeado pelo ministro da Defesa e depois confirmado pelo Presidente da República.
Guerra Pereira sucede ao tenente-general Fernando Serafino, que sábado passou à reserva e a seu pedido.
Fernando Serafino foi ultrapassado na escolha para novo CEME, após a demissão do general Rovisco Duarte - que se limitou a pedir a exoneração ao Presidente da República, alegando motivos pessoais, e a informar os subordinados que saía porque "circunstâncias políticas assim o exigiram".