Europeias. Candidato do Aliança espera eleger "três a quatro deputados"
O cabeça de lista do Aliança às eleições europeias, Paulo Sande, admite que o resultado do escrutínio de 26 de maio será decisivo para o futuro do partido, mas manifesta a convicção de que é possível eleger "três ou quatro" eurodeputados. Em entrevista à agência Lusa, o candidato defende que "entre três e quatro seria um número aceitável" numa eleição que qualifica como "decisiva" para o novo partido criado por Pedro Santana Lopes.
O especialista em Assuntos Europeus e conselheiro do Presidente da República aponta como "crucial" uma "verdadeira reforma" da zona euro assente na coesão e na solidariedade, porque "não há integração" com "o grau de desigualdade" que existe na União Europeia. "Na Europa, e Pedro Santana Lopes tem-no referido, a importância da coesão e da convergência, é crucial. Não há integração europeia, não há integração nenhuma de economias e de sociedades, que é o caso europeu, com o grau de desigualdade que existe na Europa", sublinha Paulo Sande, apontando este fator como "a razão de ser" da crise europeia, dado que a Europa foi sempre construída na base de "um esforço consciente de convergência". Um esforço que "deixou de acontecer há 20 anos com a criação da moeda única", que foi "incompleta e mal feita" por "razões políticas".
Por isso, diz na entrevista, é "crucial que haja de facto uma verdadeira reforma da zona euro, em particular a união bancária, mas também a união económica e um plano orçamental" comum.
Paulo Sande vê na Europa um "enorme fosso" entre a sociedade e um sistema político "desfasado" - uma realidade que tem de "mudar rapidamente" para "dar resposta às preocupações" das pessoas". "A Europa tem de perceber que aquilo que está a acontecer, as reações que surgem um pouco por todo o lado e mesmo estes movimentos a que chamamos populistas - e nem todos o são - têm um fundamento, uma razão de ser, que em parte [...] tem a ver com o enorme fosso que se cavou entre a evolução social, em particular a nível da comunicação, e os sistemas políticos", defende o candidato do Aliança, acrescentando que este fosso será "fatal" se não for colmatado.
Na mesma entrevista, Paulo Sande dá por encerrada a polémica em torno da sua candidatura, dado o facto de ser conselheiro do Presidente da República, função em que se vai manter. O candidato admite vir a ser percecionado como 'uma voz de Belém' na campanha eleitoral, mas garante que tudo fará para combater essa ideia: "As pessoas podem encarar assim, é uma realidade que isso pode acontecer, mas não deve acontecer. Eu farei os possíveis para explicar isso".
"É um assunto que, para mim, está resolvido, não interessa", sustenta o candidato do partido criado pelo ex-primeiro-ministro e líder do PSD Pedro Santana Lopes, depois de recordar que Marcelo Rebelo de Sousa já se pronunciou sobre o caso para recordar que é "um direito" os cidadãos poderem candidatar-se sem serem prejudicados nas funções que desempenham. "O senhor Presidente não tem nada a ver com isto. Rigorosamente nada", conclui.