Costa: contratos para aviões KC-390 marcam "grande dia" para Portugal e Brasil
O primeiro-ministro, António Costa, qualificou esta quinta-feira como "um bom dia" para as Forças Armadas e para a indústria e "um grande dia" para as relações Portugal/Brasil a assinatura dos contratos para a compra das aeronaves KC-390.
"É um bom dia para as nossas Forças Armadas, é um bom dia para o nosso sistema de inovação e indústria, é um bom dia para a cidade de Évora, para o conjunto do Alentejo e para a coesão territorial e é um grande dia para as relações entre Portugal e o Brasil", destacou o primeiro-ministro.
Segundo António Costa, que discursava nas instalações da Embraer em Évora, na cerimónia em que foram assinados os contratos para a aquisição por Portugal de aeronaves KC-390, "hoje é um dia particularmente feliz por quatro razões", que passou a explicar, uma a uma.
O negócio inclui a aquisição de um simulador de voo e a manutenção das aeronaves nos primeiros 12 anos de vida. Os contratos vão ser ainda submetidos a parecer do Tribunal de Contas.
Segundo António Costa, as Forças Armadas Portuguesas "veem hoje reforçadas, no âmbito da execução da Lei de Programação Militar, as suas capacidades em matéria aeronáutica", disse, em primeiro lugar.
E, frisou, ficam dotadas "com uma nova geração de aeronaves de transporte tático e estratégico, de apoio a missões de interesse público que podem substituir a esquadra dos C-130 que, desde 1977, operam ao serviço da Força Aérea Portuguesa".
Perante a audiência, integrada, entre outros, pelo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, ou responsáveis da Embraer, como o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Jackson Schneider, o primeiro-ministro aludiu também aos avanços nos sistemas de inovação e industrial do país.
"O investimento em segurança e defesa" deve ter "duplo uso" e o projeto do KC-390 "não é só no âmbito da defesa", tendo tido "um efeito catalisador muito importante no desenvolvimento na capacidade do conjunto da energia aeronáutica" portuguesa.
E, se hoje se pode falar num 'cluster' aeronáutico em Portugal, "isso deve-se, em grande medida, a este projeto" e ao "seu potencial mobilizador de competências de investimento e de criação de capacidade industrial", acentuou.
Para Costa, a existência da Embraer em Évora também não pode ser esquecida e "é um fator muito importante para a coesão territorial em Portugal".
Quanto às relações entre Portugal e o Brasil, que "sempre foram aliados e países irmãos", estas "correspondem a interesses permanentes" de ambos os Estados e o KC-390 é disso exemplo: "É efetivamente um projeto cooperativo, desenvolvido em conjunto pelas diferentes entidades no Brasil e em Portugal" e que já originou outros projetos industriais semelhantes com a Embraer.
Uma vez que o primeiro KC-390 apenas está previsto ser entregue a Portugal em 2023, o primeiro-ministro rematou a sua intervenção dirigindo-se ao presidente da Embraer Defesa e Segurança: "Agora, senhor Jackson Shneider, só falta uma coisa, entregarem mesmo o primeiro avião. Fico à espera".
O ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, considerou a aeronave KC-390 "a melhor do mercado".
"A participação nacional na edificação e dinamização do programa do KC-390 revela bem a atual capacidade competitiva da indústria aeronáutica nacional, incluindo aquela que está instalada em Évora, e que garante um retorno económico, financeiro e de conhecimento" para Portugal, defendeu o ministro.
Segundo João Gomes Cravinho, que falava nas instalações da construtora aeronáutica brasileira Embraer em Évora, onde possui duas fábricas, "é por isso" que "o processo de aquisição do KC-390" por Portugal, "muito mais do que uma simples despesa, é um grande investimento para o país".
O ministro frisou que "os 827 milhões que serão investidos nos próximos 12 anos incluem a aquisição das aeronaves, o simulador, os equipamentos, mas também os custos de manutenção, da aquisição de sistemas complementares ou ainda a construção e adaptação de infraestruturas necessárias à sua operação, a partir da Base Aérea n.º 6 no Montijo".
"Isto significa que futuros orçamentos não serão onerados com despesas necessárias, mas de difícil enquadramento, como aconteceu no caso de algumas das capacidades atualmente ao dispor da Força Aérea", comparou.
Com o KC-390 da Embraer, que contou com participação nacional, "Portugal está a adquirir a melhor aeronave do mercado para os requisitos operacionais e logísticos específicos" do país, afiançou o ministro.
O 'cluster' aeronáutico português "representa já cerca de 1% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional" e o que se espera é que "possa vir a duplica num horizonte próximo", assinalou o ministro.
"Esta indústria representa 3,3% das exportações nacionais" e regista "uma tendência crescente nos últimos 10 anos", indicou ainda, argumentando que esta "grande competitividade nacional" se estende ao plano europeu, o que permite a Portugal "liderar projetos no âmbito da cooperação estruturada permanente da União Europeia nesta área".
De acordo com o ministro, o KC-390 é uma aeronave "com alcance intercontinental" e com capacidade para executar diversas missões e operações "estratégicas, táticas, civis e militares".
"Permitirá reforçar as atuais capacidades de transporte aéreo, busca e salvamento, evacuações sanitárias e de apoio a cidadãos nacionais, nomeadamente entre o continente e os arquipélagos ou na diáspora, entre outras missões", indicou.
Atualizado às 20:09 com declarações do ministro da Defesa.