Ciganos, imigrantes e prisões. O que diz André Ventura
Estudou num seminário e ia para padre mas depois apaixonou-se e mudou de rumo. Estudou Direito, fez o doutoramento na Irlanda, trabalhou na Autoridade Tributária, foi professor universitário. Entretanto tornou-se conhecido como comentador na Benfica TV e depois no Correio da Manhã. Em 2017, André Ventura foi candidato do PSD à Câmara de Loures, perdeu mas foi eleito vereador. Fundou depois o Chega - que concorreu às Europeias com a coligação Basta e agora se apresentou nos boletins de voto em nome próprio. Tem 36 anos e foi eleito deputado com um programa eleitoral que defende o fim dos serviços públicos na saúde e educação e quer o Presidente da República a chefiar o Governo.
"Por que razão cresce o Chega nas sondagens e na rua? Porque já não é só a voz individual, os nossos desejos e as nossas ambições. O Chega é a voz de um povo inteiro farto de corrupção e de impunidade." Foi na sexta-feira, último dia de campanha eleitoral, que André Ventura partilhou no Twitter esta convicção:
Mas, desde que criou a sua conta de Twitter, em fevereiro deste ano, o líder do Chega tem usado a rede social para explicar ou reforçar algumas das suas posições políticas mais polémicas. Estes são alguns exemplos:
Sobre os ciganos: "Temos tido uma excessiva tolerância com alguns grupos e minorias étnicas. Não compreendo que haja pessoas à espera de reabilitação nas suas habitações, quando algumas famílias, por serem de etnia cigana, têm sempre a casa arranjada. Já para não falar que ocupam espaços ilegalmente e ninguém faz nada. Quem tem de trabalhar todos os dias para pagar as contas no final do mês olha para isto com enorme perplexidade. Isto não é racismo nem xenofobia, é resolver um problema que existe porque há minorias no nosso país que acham que estão acima da lei." (entrevista ao Notícias ao Minuto, julho 2017)
Sobre a Europa e os imigrantes: "Que país e que Europa queremos? Uma em que há grupos diferentes, mas em que todos estão para contribuir e não para estar metade a trabalhar para outra metade." (entrevista ao jornal Sol)
"Não queremos uma Europa-fortaleza, não queremos fechá-la àqueles que se aproximam, não podemos fechar portas a quem foge da guerra, da perseguição religiosa, de crimes sexuais, seria contrariar a nossa própria história. Agora, também não podemos dizer "entrem, usem e abusem". Há indivíduos que tentaram pedir asilo em 14 países com identidades diferentes. Isto traz consequências para a vida das pessoas, para a segurança, para a saúde. O que defendemos é que a União Europeia tenha controlos efetivos. Tem de haver troca de informações. A Europa tem de ser solidária, mas ao mesmo tempo tem de ter controlo nas fronteiras, senão deixa de ser Europa e passar a ser um espaço completamente aberto. Para vir viver dos nossos impostos, já temos cá muitos, não precisamos de mais." (entrevista à Rádio Renascença, maio 2019)
Sobre penas, prisão perpétua e castração química de pedófilos: "Não me parece justo que alguém que mata várias pessoas de forma aleatória, fria e por motivos fúteis possa estar cá fora ao fim de 12 anos. (...) Defendo a obrigatoriedade de trabalho para os reclusos. Quem está na prisão é porque cometeu um crime de forma voluntária então não é justo que também ele contribua para aquilo que estamos nós todos a contribuir? Alguns chamam a isto trabalhos forçados, querem chamar-lhe isso, força. Não me importo."
"Apesar de serem ambos crimes gravíssimos, não posso equiparar quem mata duas pessoas e quem abusa sexualmente de duas pessoas. Mas o perigo para a sociedade é muito grande e aquele tratamento químico garante que não haverá reincidência dos ímpetos sexuais para voltar a atacar." (entrevista ao Notícias ao Minuto, outubro de 2018)
Sobre a extrema-direita: "Eu não fujo de rótulos, não me sinto de extrema-direita, porque sou europeísta e acredito na liberdade. Acho que devemos deixar cair estes rótulos de extrema-direita e extrema-esquerda, porque só afastam o eleitorado." (entrevista ao jornal Sol)