Centeno quer chegar ao final de junho com superavit, diz Marques Mendes

A meta do governo para o défice neste ano é de 0,2% do PIB, mas o ministro das Finanças quer ir mais longe. Certeza avançada por Marques Mendes nesta noite, na SIC.
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"O ministro das Finanças quer fazer um brilharete para efeitos eleitorais. Ele quer chegar ao fim do primeiro semestre deste ano, no fim de junho, com o défice a zero ou até com um superavit [saldo positivo nas contas públicas]."

Para Luís Marques Mendes, é isto que explica a irredutibilidade do governo em relação a várias pretensões setoriais (professores, enfermeiros, etc.). "Assim sendo, não há dinheiro para tudo! Para enfermeiros, professores, magistrados e outros grupos profissionais", disse o ex-líder do PSD, nesta noite.

Falando no seu habitual espaço de comentário político semanal na SIC, Mendes considerou que o facto de o governo ter decidido retomar negociações com professores, enfermeiros, magistrados e com os hospitais privados no caso da ADSE significa apenas que o está "assustado": "com a greve de fome de um enfermeiro", que é "um ato de desespero que, a prazo, se podia virar contra o governo"; "com as reações dos funcionários públicos", que "são a sua base de apoio eleitoral" (no caso da ADSE); e "com a queda do PS nas sondagens", queda que se explica com as greves, "que não matam mas moem" e "criam desgaste".

Assim - prosseguiu - agora o executivo divide-se entre um "polícia bom" (António Costa, disponível para negociações) e um "polícia mau" (o ministro das Finanças, Mário Centeno), sempre a dizer que "não há dinheiro para fazer cedências", até porque "a economia está a cair", significando isso que "haverá menos receitas do Estado", "o que implica cativar mais e evitar mais despesa".

Marques Mendes comentou ainda a moção de censura do CDS ao governo que o Parlamento chumbou nesta semana, pela conjugação dos votos contra da esquerda (PS+BE+PCP+PEV+PAN). Um debate que "não disse praticamente nada" ao país e, além disso, assente num "exercício de hipocrisia política" (a de o CDS dizer que quer eleições antecipadas e a de o governo dizer que devem ser no prazo normal, outubro próximo).

"Nada de mais hipócrita: o CDS e o PSD, se pudessem, adiavam as eleições para 2020 - é que todos os meses o PS está a perder votos. E o governo, se pudesse, já as tinha antecipado para 2018" porque "para o PS quanto mais cedo melhor, para estancar o desgaste que se vai evidenciando", afirmou.

O comentador elencou ainda os desafios que representam para os partidos com assento na AR as próximas eleições europeias (maio). "O PS [que tem oito eurodeputados eleitos] precisa de ganhar e com folga" porque "estas eleições são umas primárias das legislativas"; quanto ao PSD [seis eurodeputados eleitos] a meta deve ser "ganhar ou, no mínimo, perder por pouco" - e se assim não for "parte completamente derrotado para as legislativas"; o PCP, pelo seu lado, tem uma "tarefa difícil" porque teve há cinco anos um "excelente resultado" [três eleitos], sendo certo que manter isso "não é fácil" (embora uma grande abstenção favoreça o partido); o BE [um eleito apenas, Marisa Matias] "precisa de subir" o que é um "desafio difícil", o mesmo acontecendo com o CDS ("crescer em votos e deputados").

Para Marques Mendes, as europeias serão também importantes para o Aliança, o partido criado por Pedro Santana Lopes: "Precisa de eleger um deputado, dessa forma tem uma vitória. Se não eleger ninguém é um flop. Uma falsa partida."

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