Perfil
Para o autor mexicano, escrever poesia "é uma forma de resistência contra a barbárie", a mesma que frequentemente encontra numa Cidade do México que é "um lugar inóspito, a perfeita desconhecida", como escreve em "A la extranjera", poema do livro "La edad de las tinieblas" (2009).
No ano passado obteve o Prémio Rainha Sofia de Poesia ibero-americana. Em Portugal tem traduzida a colectânea de contos "As batalhas no deserto", edição da Oficina do Livro.
Pacheco considera-se a si mesmo "un observador consternado, que opta pela cobardia ante os acontecimentos no seu país e no mundo", como assinalou em Junho último ao ser homenageado no seu septuagésimo aniversário.
Membro do Colégio Nacional mexicano desde 1986 e criador emérito em 1994 do Sistema Nacional de Criadores Artísticos (SNCA), foi director e editor de colecções bibliográficas e de diversas publicações e suplementos culturais.
Da sua obra de tradutor destacam-se "Cómo es" (Samuel Beckett), "De profundis" (Oscar Wilde), "Un tranvía llamado deseo" (Tennesse Williams), "Cuatro cuartetos" (T.S. Eliot) e "Vidas imaginarias" (Marcel Schwob).
Como poeta, escreveu, entre outros títulos, "Los elementos de la noche (1963), "El reposo del fuego" (1966),"Irás y no volverás (1973), "Islas a la deriva (1976), "Desde entonces" (1980), "Trabajos en el mar" (1983), "El silencio de la luna" (1995) "Siglo passado"(2000), "En resumidas cuentas" (2004) e "Como la lluvia" (2009).
Na ficção assinou "El viento distante y otros relatos" (1963), "Morirás lejos" (1967), "El principio del placer" (1972),"Batallas en el desierto" (1981) e "Tarde de agosto" (1992).
José Emilio Pacheco deu aulas em universidades dos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido e foi ainda investigador do Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH).
Quando em Maio último lhe foi atribuído o Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana 2009, comentou: "Há tantos poetas dignos deste e outros prémios! Sem desdenhar do mérito, há sempre um elemento de sorte e de generosidade do júri".
Questionado sobre a sua oficina poética, diz: "Escrevo sobre o que vejo, e o que vejo não é para que alguém se sinta optimista. Agora, há um novo matiz que não existia antes, uma crueldade nova".
Aludiu, a este propósito, ao fenómeno da violência, que recrudesceu no México nos últimos anos e é praticamente uma guerra que não respeita normas nem as famílias dos intervenientes.
"Agora - precisou - aparecem crianças queimadas vivas ou um homem decapitado a quem tiram os olhos. É monstruoso. É de uma importância terrível".
Além do Prémio Rainha Sofia de Poesia Ibero-americana (2009), outros galardões distinguiram o escritor mexicano: Prémio Nacional de Jornalismo Literário (1980), Prémio Nacional pela trajectória ensaística Malcolm Lowry (1991), Prémio Nacional de Linguística e Literatura (1992), o Prémio Ibero-americano de Letras José Donoso (2001) e Prémio Internacional Octavio Paz de Poesia e Ensaio (2003).