Zero, ok, mas também supremacia branca... Quantas palavras valem um gesto?

A imagem de um dedo indicador a tocar no polegar marcou a manifestação dos polícias desta quinta-feira. Um gesto de aprovação, mas que nos últimos anos ganhou outras conotações, até símbolo da supremacia branca.
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O indicador a tocar no polegar, quer dizer "zero", segundo o movimento com esse nome que integrou esta quinta-feira a manifestação de polícias. Também, pode ser sinal de consentimento e aprovação, um "ok", configuração que vem desde o século XVII, na Grã Bretanha.

É, também, um símbolo importante nas religiões hindu e budista, como no yoga, aqui conhecido como mudra ou vitarka mudra. simbolizando a perfeição interior.

Há dois anos, o gesto ganhou outro significado, desde que o site 4chan resolveu fazer uma farsa, dizendo tratar-se de um símbolo de ódio da extrema direita, representando as iniciais de white power (poder branco). Farsa que repetiram mais recentemente em novas imagens e que acabou por ser ultrapassada pela realidade, com membros da extrema-direita a postar imagens nas redes sociais exibindo o "ok".

O 4chan é um site de publicações de imagens usadas com a intenção de provocar e onde os utilizadores intervêm de forma anónima

Farsa ou não, a associação do gesto à supremacia branca é hoje uma realidade. Por isso, há pouco tempo, o neozelandês Brenton Tarrant várias vezes juntou o indicador ao polegar perante o tribunal, num julgamento que começou em março de 2019. e que ainda não terminou. Responde pela acusação do assassínio de 51 pessoas num tiroteio em Christchurch, Nova Zelândia.

Os apoiantes do movimento Three Percenter, extremistas de direita, também estendem os dedos médio, anelar e mindinho, para indicar os três por cento, mas visto de alguns ângulos assemelha-se ao mesmo gesto.

A Liga Anti-Difamação, organização norte-americana que denuncia e combate ao racismo e ao antissemitismo tem analisado uma lista de indicadores de ódio, onde consta o gesto. Esta num rol de 200 entradas, ao lado da cruz suástica e outras representações utilizadas por grupos racistas e xenófobos.

A mesma indicação é dada pela União Americana para Liberdades Civis, que denunciou o gesto como sendo usado por militantes da extrema-direita.

O mesmo gesto escolhido pelo "movimento zero" e que esta quinta-feira foi repetidas vezes demonstrado frente à Assembleia da República.

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