Situação perigosa em Silves. GNR teve de evacuar aldeias
Populações de localidades do concelho de Silves foram evacuadas pela GNR, devido ao incêndio que há seis dias lavra na região algarvia. O fogo segue incontrolável nesta frente e ameaça ainda São Marcos da Serra e São Bartolomeu de Messines, com as autoridades no terreno a procurarem encaminhar as pessoas da aldeia de Enxerim para áreas mais seguras. A Proteção Civil está a apelar para as pessoas que vivem nesta zona, entre Silves e Messines, procurarem locais seguros. A Estrada Nacional 124 foi cortada ao trânsito.
Além de populações junto a Silves o risco também se estende a Vale Fuzeiros, em São Bartolomeu de Messines, local onde moradores também foram retirados das suas habitações, relata o jornal Terra Ruiva, de Silves.
Patrícia Gaspar, que está no comando das operações, disse que o vento forte tem sido um obstáculo e que este incêndio vai exigir paciência até à sua extinção. A responsável da Proteção Civil afirmou, em conferência de imprensa, que é preciso "um cuidado enorme" na avaliação da meteorologia e "do comportamento possível do fogo". O período noturno vai ser aproveitado para "entrar com maquinaria pesada" na abertura de zonas de contenção, de forma a facilitar o controlo do fogo amanhã.
A Autoridade Nacional de Proteção Civil pede às populações entre Silves e São Bartolomeu de Messines e a sul de São Marcos da Serra para "manter a calma, fechar as portas janelas por causa do fumo e aguardar pelas indicações das autoridades".
Num alerta enviado à agência Lusa, a autoridade nacional indica que o fogo que lavra no concelho de Silves, no distrito de Faro, está numa "fase muito complexa" e alerta para o impacto do fumo que alastra na região.
Também a GNR apelou à população para que obedeça às indicações e orientações das autoridades em caso de evacuação, devido aos incêndios. "Em caso de evacuação preventiva, por indicação das autoridades, as pessoas devem cumprir com as instruções dadas e não devem nunca voltar atrás, para uma área já evacuada. Devem manter a calma, auxiliar crianças, idosos ou familiares com limitações de mobilidade e levar os seus animais de companhia. Não devem perder tempo a recolher objetos desnecessários e, se possível, deixar acesas as luzes exteriores da habitação", refere o comunicado.
Quanto à circulação rodoviária, a GNR pediu igualmente para que as suas ordens sejam respeitadas.
"Importa respeitar e seguir as instruções da GNR e nunca adotar comportamentos de risco, como inverter o sentido de marcha nas autoestradas. As situações de emergência ocorrem inesperadamente, como a aproximação do fogo ou a perda de visibilidade devido ao fumo. Nessas situações, os condutores devem manter a calma, acionar as luzes de perigo e imobilizar os veículos a uma distância segura da fonte de perigo", adverte a GNR.
De imediato, os condutores devem comunicar com as autoridades através do 112 e deixar a berma livre para que os veículos de emergência possam circular.
O vento forte está a complicar o combate ao incêndio que há seis dias lavra na serra de Monchique, com a frente de Silves a ser a mais preocupante, já que sucessivos reacendimentos colocam habitações em risco. Na outra frente, na zona da Fóia, Monchique, há também vários reacendimentos.
No concelho de Silves, o fogo voltou a áreas por onde já havia passado. "[O incêndio] está com uma força muito grande e as coisas infelizmente ainda não estão controladas", disse a presidente da Câmara, Rosa Palma à Lusa, pouco depois das 15:00, acrescentando que um dos pontos mais críticos é a Herdade da Parra.
De acordo com Rosa Palma, o fogo já passou "muito perto" da cidade de Silves, mas neste momento não é possível fazer previsões devido ao vento, que é muito "inconstante", o que provoca rápidas propagações. Apesar de Rosa Palma não conseguir prever para que zona vai o fogo progredir, referiu que estão a ser feitos todos os esforços em articulação com a Proteção Civil para haver uma adaptação "a cada situação nova que possa surgir, para tentar minimizar o impacto do fogo".
A presidente da autarquia aproveitou para apelar a todas as pessoas nas zonas onde haja aproximação do fogo para que sigam as ordens das forças de segurança e que se desloquem se houver ordem de retirada, já que as autoridades protegerão o seu património. A população que teve de ser deslocada de casa no concelho de Silves foi encaminhada para a escola Garcia Domingues, na cidade, onde a autarquia está a disponibilizar apoio com equipas da Ação Social e psicólogos.
Na Fóia, os reacendimentos também mobilizam os bombeiros, com o vento e as colunas de fumo a serem obstáculos a um combate mais eficaz. No terreno, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil estão 1308 operacionais, apoiados por 15 meios aéreos.
O incêndio em Monchique já consome floresta há seis dias. Há 32 feridos, um dos quais em estado grave (uma idosa internada em Lisboa), e 181 pessoas mantêm-se deslocadas, depois da evacuação de várias localidades. De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, as chamas já consumiram mais de 21300 hectares.
No Algarve, os efeitos do fogo são notórios, com as colunas de fumo a cobrirem os céus. São muitas as fotos que circulam nas redes sociais, tiradas de diferentes pontos da região, onde muitos turistas passam férias nesta época.
A empresa Água Monchique, uma das principais empregadoras do concelho, está a ter prejuízos de 60 mil euros por dia com os incêndios que lavram na zona por ter a produção parada, disse hoje o presidente da companhia.
"Em termos financeiros, estamos a falar de uma perda na faturação à volta dos 60 mil euros por dia, o que para nós, sendo uma pequena empresa, é altamente nocivo para a nossa atividade", afirmou à agência Lusa o presidente executivo da sociedade Água Monchique, Vítor Gonçalves. De acordo com o responsável, a produção está parada desde o fim de semana e, para já, "não há qualquer previsão da retoma", porque "o fogo teima em não se extinguir e, portanto, não há condições de segurança".
Ao todo, "são à volta de 10 mil paletes [de águas] encomendadas e às quais nós não temos hipótese de dar resposta", precisou Vítor Gonçalves, explicando que, como a Água Monchique não trabalha com 'stocks' e as encomendas estão paradas, são entre 200 a 300 os camiões "em lista de espera".
(notícia atualizada às 19.36)