Um semáforo para dar luz verde aos alimentos mais saudáveis

Direção-Geral da Saúde diz que é preciso simplificar os rótulos dos alimentos e a solução pode passar por um sistema de cores como o que já é usada no Reino Unido


A Direção Geral da Saúde quer simplificar os rótulos dos alimentos e bebidas, que pode passar pela criação de um 'semáforo' nutricional bem visível nas embalagens. A ideia parte da conclusão que, na hora da escolha, boa parte dos portugueses não compreende as informações sobre gorduras, açúcar e sal que lhe são apresentadas.

O Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS) apoiou no ano passado a realização de um estudo para analisar a compreensão dos rótulos nutricionais por parte da população portuguesa. Os resultados demonstram a incapacidade de mais de um terço dos portugueses em compreender a informação que lhes é apresentada nas embalagens: 40% dos inquiridos não compreendiam a informação nutricional presente nos rótulos dos produtos alimentares. "Estes dados sugerem a necessidade de alterar o atual modelo, sendo necessária a utilização de um modelo de rotulagem nutricional mais simples e de caráter interpretativo, para que esta ferramenta possa ser uma verdadeira ferramenta de apoio às escolhas de opções alimentares mais saudáveis no momento da compra", defende a equipa responsável pelo PNPAS, no relatório Alimentação Saudável: desafios e estratégias, publicado na semana passada.

40% dos inquiridos não compreendiam a informação nutricional presente nos rótulos dos produtos alimentares


Mas na prática, que mudanças são de esperar? Os especialistas defendem um sistema de cores, como os que já são aplicados no Reino Unido (que utiliza a imagem de um semáforo para dividir os níveis de gordura, açúcar e sal nos alimentos) ou até em França (que também tem uma escala de cinco cores, que vai do verde escuro até ao encarnado, para categorizar a qualidade nutricional dos produtos). As autoridades querem ainda, seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, que os rótulos passem a estar na parte da frente das embalagens, junto à marca do produto.


"São descodificadores aplicados a cada país, os peritos nacionais podem encontrar linguagens que sejam mais facilmente entendíveis pela população". A bastonária da Ordem dos Nutricionistas traduz o conceito de rotulagem nutricional de caráter interpretativo, defendido pela OMS, e que em Portugal poderá passar por protocolos com a indústria alimentar e da restauração, como já aconteceu em relação ao sal e às gorduras trans. "O melhor caminho é fazer em conjunto com a indústria, e não impor, tem de ser um processo de mãos dadas e não de costas voltadas", argumenta Alexandra Bento.

Literacia começa na escola

Apesar de reconhecer a utilidade da medida, a bastonária dos nutricionistas lembra também que a luta contra a obesidade tem de começar logo nas escolas. "Temos de começar desde logo por cumprir a legislação que já existe, aumentando a literacia nesta área. É preciso haver mais locais onde se possa explicar a informação sobre nutrição, como por exemplo nas escolas, onde é preciso ensinar já as crianças, para que depois tenham esses hábitos enraizados na idade adulta".

Mas enquanto não chegarem as alterações aos rótulos, a Direção-Geral da Saúde tem já publicados no seu site descodificadores nutricionais, baseados no sistema britânico, que os consumidores podem levar quando forem às compras.

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