Santa Casa oferece em Lisboa dentista a jovens até aos 18 anos
Santa Casa da Misericórdia de Lisboa fechou 2018 com lucro de 33,3 milhões de euros (menos 5,8 milhões que em 2017) e Departamento de Jogos teve um resultado líquido de 39 milhões. Apostas em corridas de cavalos avançam até final do ano e por isso serão distribuídos 5000 televisores pelos mediadores de apostas.
Os jovens até aos 18 anos residentes em Lisboa, ou que frequentem uma instituição de ensino, creches ou infantários na capital, e independentemente das condições económicas, vão poder ir ao dentista de forma gratuita a partir de 19 de agosto. As consultas serão num edifício da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa na Avenida Almirante Reis, uma assistência médica que irá funcionar seis dias por semana, 12 horas por dia.
O anúncio do arranque deste projeto foi feito pelo provedor da SCML, Edmundo Martinho, na apresentação dos resultados financeiros de 2018, cerimónia aproveitada para garantir também que as apostas mútuas hípicas - em corridas de cavalos - vão ser possíveis na rede de mediadores da instituição até ao final do ano. Para que tal seja possível, vão ser instalados televisores em todos os 4895 locais cm ligação à SCML e em entre setembro e outubro irá arrancar uma campanha de "sensibilização" sobre o que envolvem estas apostas.
A apresentação de resultados permitiu perceber que a SCML viu reduzido o seu lucro - de 42,4 para 33,3 milhões de euros (21,5%) - o que aconteceu, segundo a explicação avançada devido à alteração das percentagens atribuídas a cada entidade que recebe verbas dos jogo sociais. No caso, o Decreto-Lei 23/2010, de 10 de abril, diminui a transferência para a SCML de 27,7% para 26,5%.
Já o Departamento de Jogos registou um lucro de 39 milhões de euros, num ano em que o total de vendas de jogos explorados pela SCML atingiu os 3097 milhões de euros - mais 2,3% que em 2017.
A raspadinha continua a ser o jogo mais procurado com vendas de 1594 milhões de euros (mais 7,2% que em 2017), seguindo-se os Euromilhões com 708 milhões de euros (menos 6,9%), em terceiro lugar está o Placard que teve vendas no valor de 527 milhões (mais 4,9%) e no quarto lugar das escolhas surge a Lotaria Nacional com 69 milhões (com a subida de 7,9% foi o jogo social que mais cresceu em 2017).
Já os apostadores, segundo a Santa Casa, receberam 36 milhões de euros em prémios por semana.
Da saúde às apostas. Os projetos da SCML
Além da apresentação das contas, a cerimónia foi aproveitada pelo provedor para anunciar os projetos que a SCML pretende desenvolver a curto/médio prazo.
A saúde oral é um deles e, como já foi referido, pretende oferecer serviços nesta área aos jovens até aos 18 anos. O serviço será gratuito exceto nas intervenções de ortodôncia.
O espaço que a SCML vai disponibilizar a partir de 19 de agosto terá 11 gabinetes, funcionará seis dias por semana e 12 horas por dia quando estiver em "velocidade de cruzeiro" como frisou o provedor. De acordo com Edmundo Martinho este projeto conta com "médicos dentistas com experiência em pediatria e a partir de setembro vamos fazer campanhas junto de escolas e maternidades".
"Temos informação detalhada sobre a má qualidade de saúde oral da crianças na cidade e temos estudos que mostram o impacte que, por exemplo, uma redução das cáries terá", acrescentou, frisando que se a procura do serviço superar a oferta agora delineada - "em consonância com as autoridades de saúde", como sublinhou - a SCML garante estar "preparada para abrir um outro centro em Lisboa".
A marcação para as consultas poderá ser feita pelo telefone e por isso está a ser "reforçado o call center" da Santa Casa.
Na área da saúde, estão a ser preparados, segundo o responsável da SCML, projetos na área da teleassistência e assistência domiciliária e a instituição espera abrir uma unidade de cuidados continuados até ao final do ano.
De acordo com Edmundo Martinho está em curso "um processo de construção de oito unidades de cuidados continuados em Lisboa por parte da câmara que depois a SCML vai gerir".
A Santa Casa pretende também criar um centro de reabilitação - a exemplo do que existe no Alcoitão cujas valências serão aprofundadas - em Lisboa e aumentar a capacidade do hospital da Parede na área da cirurgia ortopédica.
A SCML vai ainda "contribuir para a reabilitação de património imobiliário em Lisboa e vamos lançar um concurso de ideias para 15 espaços que temos", acrescentou.
Quanto aos jogos disponibilizados, o portefólio da Santa Casa vai contar até ao final do ano, pelo menos é esse o período temporal avançado, com a possibilidade de apostas hípicas.
Além da instalação de televisores nos 4895 mediadores - onde vai ser possível assistir a corridas - a instituição desenvolveu uma cooperação com a PMU - Pari Mutuel Urbain, a principal operadora de apostas hípicas da Europa, o que vai permitir que as apostas "tenham escala e que sejam atraentes".
Edmundo Martinho acrescentou que parte das receitas que forem obtidas especificamente com estas apostas serão canalizadas para o setor de forma a "ajudá-lo a desenvolver-se".
Montepio, Cruz Vermelha e três mil milhões para a Sociedade
Em relação a negócios e investimentos que a SCML pode desenvolver, Edmundo Martinho deixou duas certezas: a entrada no capital do Banco Montepio é "nesta altura um assunto encerrado" ou seja não "está previsto um investimento no Banco Montepio; e a aquisição da Hospital da Cruz Vermelha está a ser estudada.
"Ninguém nos ofereceu o Hospital, o que existe é a possibilidade de ser assinado um memorando de entendimento entre a SCML, a Cruz Vermelha e a Parpública, pois estas entidades entendem que o hospital não é estratégico para eles", explicou.
"O nosso entendimento é que a acontecer alguma coisa, a sociedade deve ser detida na sua totalidade pela SCML. A acontecer, pois nada está decidido", concluiu.
Referência ainda para o facto de a Santa Casa salientar o facto de ter reintroduzido na Sociedade três mil milhões de euros, o que aconteceu pela primeira vez no ano passado. Um valor atingido com os 1833 milhões de euros pagos em prémios aos apostadores, os 180 milhões de imposto de selo, os 236 milhões pagados aos mediadores e comerciantes, os 733 milhões distribuídos por vários beneficiários. Ou seja, 97,5% das receitas dos jogos sociais foram "devolvidos" à economia, segundo a SCML.