Morreu o embaixador António Franco, marido de Ana Gomes
O embaixador António Franco morreu na quarta-feira, tendo o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentado os "sentidos pêsames" à embaixadora Ana Gomes e restante família.
"O Presidente da República apresentou sentidos pêsames à embaixadora Ana Gomes e restante família do embaixador António Franco, que hoje [quarta-feira] nos deixou", refere uma nota publicada na página na internet da Presidência da República.
António Franco, que tinha 76 anos, foi "um embaixador distinto, que exerceu importantes funções ao longo da sua carreira, tendo sido chefe da Casa Civil" do antigo Presidente Jorge Sampaio, acrescenta a nota da Presidência da República divulgada na quarta-feira.
António Manuel Canastreiro Franco, que era casado com a antiga eurodeputada socialista Ana Gomes, foi embaixador de Portugal no Brasil, cargo que desempenhou entre 2001 e 2004 e onde terminou a carreira diplomática, depois de ter ocupado outros postos, como, por exemplo, o de adjunto do chefe da missão temporária de Portugal no processo de paz em Angola e o de representante junto à Comissão Político-Militar.
Foi ainda embaixador não-residente em Libreville, capital do Gabão, em 1995 e em 1996 foi designado para o cargo de chefe da Casa Civil do Presidente da República, Jorge Sampaio, que manifestou "profundo pesar e desolação" pela morte de António Franco.
O antigo chefe de Estado recordou-o como um "notável servidor do Estado" e "um hino à vida íntegra e completa".
Num depoimento enviado à Lusa, em que assume escrever com as palavras "toldadas pela emoção, pela certeza do irreparável e (...) pela saudade", Jorge Sampaio recorda "um amigo certo, inteiro e leal, senhor de uma forte, independente e distintíssima personalidade à prova de bala, companheiro de muitas lutas e combates de uma vida".
"O António Franco foi um notável servidor do Estado, patente nos vários postos que ocupou ao longo da sua careira como diplomata, e foi um colaborador próximo do mais alto gabarito e de total confiança quando assumiu a chefia da Casa Civil, durante o meu primeiro mandato como Presidente da República", escreve.
Jorge Sampaio destaca ainda a "inteligência viva", o "espírito analítico" e a "enorme perspicácia humana" de António Franco, dizendo que "dissecava como ninguém comportamentos, atitudes e gestos, intenções manifestas ou disfarçadas", tendo um "talento raro e subtil para lidar com situações delicadas ou melindrosas, para pacificar relações e debelar conflitos".
"Dotado de um sentido de humor irresistível, era também de uma lucidez implacável que nem a si próprio nem aos seus poupava, sabendo sempre separar águas, distinguir o que eram as suas convicções íntimas e pessoais do juízo que formulava sobre as coisas, ditado pelo rigor, a exigência de objetividade e da verdade ou pelo imperativo da justiça", considera ainda Sampaio.
O antigo Presidente da República sublinha igualmente que António Franco "foi um diplomata de primeiríssima água".
"Era um homem de princípios fortes, fiel aos seus ideais e um acérrimo defensor da liberdade que a cada um assiste de traçar a sua vida e de a saborear por inteiro", afirma Jorge Sampaio, concluindo: "António Franco foi, é e será sempre o amigo de amizade verdadeira, generosa, livre e totalmente certa".
O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, afirma ter recebido com "tristeza e consternação" a notícia da morte do embaixador António Franco, salientando a sua "brilhante carreira" diplomática ao serviço de Portugal.
"Com tristeza e consternação, recebi a notícia do falecimento do embaixador António Franco, de quem era amigo há largas décadas e com quem aprendi muito", escreveu o presidente da Assembleia da República numa mensagem divulgada esta quinta-feira.
Ferro Rodrigues referiu que, ao longo da sua "brilhante carreira", António Franco ocupou vários e relevantes postos diplomáticos, "servindo o seu país sempre com distinção e honrando o nome de Portugal".
"O embaixador António Franco será certa e justamente recordado como um dos melhores diplomatas da sua geração. No momento do seu desaparecimento, é justo render-lhe sentida homenagem, como seja pelo decisivo contributo que deu para o processo de consolidação da paz em Angola", destacou o presidente da Assembleia da República.
Em seu nome e da Assembleia da República, Ferro Rodrigues transmitiu depois à família de António Franco, "muito em especial, à sua mulher, embaixadora Ana Gomes", o seu "profundo pesar" e "as mais sentidas condolências".
No Facebook, o embaixador Francisco Seixas da Costa destacou: "A lealdade para com os amigos e a elevada exigência para consigo mesmo estavam-lhe coladas à pele. Vivia, sem a menor dificuldade, esse comportamento extremo de rigor, mas sempre num tom nada macambúzio, com um eterno espírito de bonomia, de graça, de alegria de vida."
"Curvamo-nos perante a memória do Embaixador António Franco, que serviu devotadamente o país, quer como diplomata, quer como Chefe da Casa Civil do Presidente Jorge Sampaio. Endereçamos sentidas condolências à sua família", lê-se na mensagem divulgada na conta oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros no Twitter.
Atualizado às 14:00 de 16 de julho