Ministro confirma camiões espanhóis. "Absolutamente normal e legal"
O ministro do Ambiente e da Transição Energética, João Pedro Matos Fernandes, confirmou esta quinta-feira que têm sido utilizados camiões espanhóis para abastecer postos de combustível durante a greve, tanto no Algarve como no norte do País.
"Não tenho a certeza que isso esteja a acontecer neste preciso momento, mas sim, isso aconteceu ao longo deste dias como acontece nos dias em que não há greve". "Parece-me normal e absolutamente legal à luz das leis europeias", acrescentou, em conferência de imprensa.
Matos Fernandes acrescentou ainda que "por questões logísticas é mais simples abastecer a partir de postos de Espanha", reiterando que é uma situação perfeitamente normal e legal. "Há empresas que estão em Portugal e que contratam a aquisição de combustível no norte do país a partir da Galiza e no Algarve a partir de Espanha". "É uma situação absolutamente normal. Não tenho essa indicação, mas é normal que assim seja", voltou a referir o ministro do Ambiente, em reação a notícias sobre o recurso a camiões espanhóis durante esta greve.
O ministro do Ambiente garantiu também não ter conhecimento de haver esquadras da PSP encerradas, devido à mobilização de agentes para garantir a segurança do transporte de matérias perigosas, como denunciou esta quinta-feira a Associação Sindical dos Profissionais de Polícia. "O número de efetivos distribuídos pelo país tem de estar de acordo com as necessidades do país", disse Matos Fernandes
Matos Fernandes fez um ponto da situação da greve dos motoristas e falou em cenário de "normalidade". O governante anunciou que os serviços mínimos estão a ser cumpridos e que podem mesmo "ser ultrapassados", no caso dos postos de abastecimento que pertencem à rede REPA (Rede de Emergência de Postos de Abastecimento).
"Existe uma completa normalidade na distribuição", afirmou Matos Fernandes em conferência de imprensa hoje realizada na sede da Entidade Nacional para o Setor Energético (ENSE), em Lisboa.
O ministro adiantou ainda que o número de cargas previsto para hoje "vai ser ultrapassado" e referiu que "as empresas estão a relatar a chegada de muitos trabalhadores que estavam em greve".
Embora tenha admitido que "as Forças Armadas e as forças de segurança continuam de prevenção" para o caso de isso ser necessário à tarde, Matos Fernandes assegurou que o acompanhamento destas aos camiões-cisterna de combustível "já é só pontual".
A ENSE (Entidade Nacional para o Setor Energético) reforçou que "o abastecimento dos postos de combustível e dos aeroportos está a processar-se com regularidade no país" e pediu contenção aos portugueses no uso de combustível. A greve "continua a criar constrangimentos na distribuição de combustível no país, apela-se à contenção na sua utilização".
Apesar da normalidade invocada, Matos Fernandes acompanha a recomendação da ENSE, sublinhando que existe uma greve e que os combustíveis devem ser usados com "parcimónia",mas garantiu que "não há eminência de rutura".
Os serviços mínimos legalmente estabelecidos foram cumpridos até às 10:00 do dia de hoje, de acordo com um ponto da situação publicado na página da ENSE na Internet pelo presidente do Conselho de Administração, Filipe Meirinho.
Durante as últimas noite e madrugada estiveram envolvidos no transporte de combustíveis 26 elementos Forças Armadas e das Forças de Segurança, e às primeiras horas da manhã, o número subiu para 54, acrescenta.
Os motoristas de matérias perigosas e de mercadorias cumprem hoje o quarto dia de uma greve por tempo indeterminado, que levou o Governo a decretar uma requisição civil parcial na segunda-feira à tarde, alegando incumprimento dos serviços mínimos.
Portugal está em situação de crise energética, decretada pelo Governo devido a esta paralisação, o que permitiu a constituição de uma Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), com 54 postos prioritários e 320 de acesso público.
A greve foi convocada pelo Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas e pelo Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias, com o objetivo de reivindicar junto da Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) o cumprimento do acordo assinado em maio, que prevê uma progressão salarial.