Meia tonelada de carne apreendida pela ASAE

Esta tarde ainda estavam sob averiguação as condições em que se encontrava meia tonelada de carne, no sul do país. Foi a ação de maior destaque na operação da ASAE, que começou na quarta-feira nas estradas e só termina às duas da manhã.
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Até meio da tarde desta quinta-feira, a ASAE (Autoridade de Segurança Alimentar e Económica) já tinha fiscalizado mais de duas mil viaturas, nas principais vias do país. Um total de 175 inspetores, distribuídos por 60 pontos de paragem, deu corpo a uma das ações mais "musculadas" daquele organismo, a operação Estrada, que acontece duas vezes por ano.

"A tendência mostra que o transporte é um setor que tem cumprido globalmente a sua obrigação", disse ao DN Pedro Portugal Gaspar, o inspetor-geral da ASAE, satisfeito com o número reduzido de infrações detetadas nesta operação. No total de operadores fiscalizados, apenas 14 viu instaurados processos de contraordenação, até meio da tarde. Em causa estavam, essencialmente, problemas de refrigeração ou higiene no transporte de bens alimentares.

O caso que levantou mais suspeitas à ASAE foi o transporte de meia tonelada de carne, no sul do país, suscitando algumas dúvidas sobre as condições de salubridade. "É só um camião, mas quando chega ao retalho significa 12 estabelecimentos de distribuição. Ou seja, o que estamos a fazer é, a montante, identificar um problema que, a jusante, seria replicado por uma dúzia de estabelecimentos", afirmou Pedro Gaspar.

"O grande objetivo é dar a melhor garantia possível ao consumidor final, no retalho. A montante temos várias fases: o transporte, a produção, a grande armazenagem", acrescenta o inspetor-geral. E na operação desta quinta-feira foi o transporte que esteve na mira dos inspetores da ASAE, incidindo sobretudo nas condições em que são transportados os produtos alimentares e outros, embora seja na matéria alimentar que incide "outra importância, porque tem intrinsecamente uma preocupação de acompanhamento diferente do produto da construção civil, por exemplo". E na saída da A1, em Leiria, não faltou esse tipo de matéria. Aliás, foi a diversidade que imperou durante a tarde de hoje.

"Eu já tinha apanhado muita coisa, mas nunca me calhou nada disto", desabafava uma das inspetoras, quando pediu ao jovem condutor de uma carrinha que abrisse as portas traseiras. Eram cenários para espetáculos infantis. Tomás Cruz, da Associação Catrapum Catrapeia (com sede em Coimbra) dirigia-se à Marinha Grande, para apanhar uma colega, e depois seguirem ambos até Lisboa. Na carrinha transportavam diversas malas de viagem, parte do cenário da peça infantil que ainda hoje iriam levar à cena, num infantário da capital. Com aquela viatura estava tudo em ordem, a paragem foi rápida. O mesmo não aconteceu com a carrinha seguinte, carregada de fruta e legumes, em deficientes condições de higiene. Arrisca uma multa de, pelo menos, 500 euros.

Entre carrinhas de caixa aberta, camiões, veículos ligeiros ou pesados de mercadorias, passou de tudo pelas portagens de Leiria, do design à construção civil, de particulares a empresas. E até uma réstia da vindima, a condizer com o tempo. Vítor Santos regressava de Vila Franca das Naves, onde foi apanhar algumas uvas, para consumo próprio. "Como trazia a guia, estava tudo bem", contou ao DN, enquanto esperava que os guardas da BT lhe inspecionassem a viatura.

"Transportar peixe ou carne é diferente de transportar material para a construção civil", sublinha Pedro Portugal Gaspar. O Inspetor-Geral acompanhou os trabalhos desde o dia anterior, na fronteira, em Elvas. À mesma hora a ação começava em Valença do Minho, avançando depois para todo o território nacional, com eixos nos maiores centros urbanos - Lisboa, Porto, Coimbra.

O DN acompanhou a operação junto às portagens de Leiria, onde a equipa da ASAE não tinha mãos a medir, tal a quantidade de veículos de mercadorias (ligeiros e pesados) que por ali circulava. "Aqui é sempre assim", confirma uma das inspetoras, enquanto cede o lugar aos guardas da GNR que acompanham a operação, e aproveitam para fiscalizar, também, o que lhes compete.

Este tipo de ação desenrola-se duas vezes por ano. Desta vez a operação estrada tem a duração prevista de 30 horas, terminando por volta das 02 da madrugada. Só nessa altura haverá dados finais sobre o resultado da fiscalização.

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