Maioria dos portugueses aceita muçulmanos e judeus na família
A maioria dos portugueses aceita que muçulmanos e judeus façam parte da sua família - 70% no primeiro caso, 73% no segundo, com essa percentagem a aumentar em quando são jovens (87% e 89% respetivamente). Só países como a Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Suécia e Noruega, dos 34 analisados, apresentam percentagens superiores.
Estes dados foram revelados num estudo do Pew Institut Center, um instituto independente, com sede em Washington, que procurou as diferenças de atitude entre países da Europa de Leste, Central e Ocidental, em relação a questões mais fraturantes. Foram inquiridas 56 mil pessoas entre 2015 e 2017.
Os europeus do leste e do centro da UE estão menos dispostos do que os europeus ocidentais a aceitar muçulmanos ou judeus como membros de sua família ou como vizinhos. Em quase todos os países da Europa Central e Oriental, menos da metade dos adultos dizem que estariam dispostos a aceitar muçulmanos nas suas famílias, chegando aos 29% na Roménia e 32% na Bulgária.
No sentido oposto, na maioria dos países analisados da Europa Ocidental, mais da metade dos adultos dizem que aceitariam um muçulmano na sua família, atingindo os 74% na Espanha. O mesmo padrão geral se aplica quando os europeus são questionados sobre aceitar judeus como membros da família ou vizinhos.
Sobre os portugueses, a sondagem revela resultados curiosos. Embora Portugal esteja alinhado com os seus parceiros ocidentais em matéria de integração de pessoas de outras religiões, em relação à sua crença religiosa aproxima-se dos países de Leste. É o país da Europa Ocidental com a maior percentagem de gente (83%) a acreditar em Deus e a maior a ter a "certeza absoluta" da sua existência (44%).
Portugal afasta-se também mais da generalidade dos seus parceiros ocidentais na importância que dá à religião na sua identidade nacional. Há 62% de portugueses a considerar que ser cristão é um elemento importante para a sua identidade nacional, aproximando-se mais de países como a Moldávia (onde 63% das pessoas inquiridas consideram a religião importante), Polónia (64%), Bulgária (66%) ou Roménia (74%) do que de países da Europa Ocidental, como a França, a Holanda ou a Bélgica, onde a religião é "importante" ou "muito importante" para apenas 32%, 22% ou 19%, respetivamente. As Itália é, a seguir a Portugal, o país ocidental com uma percentagem mais elevada nesta matéria, mas fica-se pelos 53%.
Este estudo identifica outras clivagens culturais entre leste e ocidente, em temas como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, o aborto ou sobre a perceção que têm de si mesmos.
A maioria dos inquiridos nos países da Europa Ocidental são favoráveis ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, enquanto as maiorias em quase todos os países da Europa Central e Oriental se opõem a ele. Por exemplo, 88% dos adultos na Suécia e 75% na Alemanha são a favor ou fortemente a favor que gays e lésbicas se casem legalmente. Por outro lado, 74% dos romenos e 79% dos búlgaros são contra ou fortemente contra.
Nesta matéria Portugal está a meio da tabela, com 28% contra e 59% a favor, sendo o país ocidental mais conservador. Abaixo na tabela só há países da Europa de Leste e Central.
Em contrapartida e apesar do assumido peso religioso nas suas vidas, os portugueses juntam-se à maior parte dos parceiros ocidentais que defendem a legalidade da interrupção voluntária da gravidez, com 60% a favor.
Perante a afirmação "O nosso povo não é perfeito, mas a nossa cultura é superior à dos outros", os europeus de leste e centrais tiveram mais tendência do que os ocidentais a concordar. Dos cinco países da UE onde mais da metade dos entrevistados concordam com esta frase, todos estão localizados na Europa Central e de Leste: Grécia (89%), Bulgária (69%), Roménia (66%), Polónia (55%) e República Checa (55%).
Entre os nossos parceiros europeus, estão em primeiro lugar a Noruega (58%) e a Finlândia (49%), logo seguidas de Portugal e Itália, ambos com 47% dos inquiridos a assumir que se consideram superiores a outras culturas.