SOS Racismo pede medidas contra "e-mails xenófobos" de funcionária da Agricultura e Pescas
"[...] Somos nós os Portugueses que nasceram e foram criados neste País que temos o direito de dizer que nós somos os coitadinhos de vocês todos que vivem à nossa custa!"
"Do nosso trabalho, dois nossos impostos. Vão ver quantos sem abrigo deste País que não têm casa, nem subsídios e que ninguém quer saber deles. Estas pessoas que vieram com os Pais das ex-colónias e não trabalham e são uns desintegrados porque não querem trabalhar. Esses são os coitadinhos !!! Pois não são !!! Ninguém lhes faz mal. Eles fazem mal às pessoas de cá. Vendem droga, queimam e destroem. [...] VIVA PORTUGAL E OS VERDADEIROS PORTUGUESES !!!!".[...]
"Até quando os Portugueses vão tolerar isto? Será que pensam que este País é desta gente? São os portugueses obrigados a continuarem a pagar casas e subsídios com o esforço do nosso trabalho a esta gente?".
Estas foram algumas das frases enviadas por e-mails ao SOS Racismo na quarta e quinta-feira, por uma pessoa que utilizou o endereço do Instituto de Financiamento da Agricultura e das Pescas (IFAP) , afirmações que os dirigentes do SOS Racismo consideram "caluniosas, de teor racista e xenófobo".
A autora dos e-mails identificou-se como funcionária do Departamento Financeiro do Instituto de Financiamento da Agricultura e das Pescas.
O SOS Racismo pediu esclarecimentos ao IFAP, que "confirmou a autora dos emails como funcionária da Instituição, esclarecendo ainda que a mesma usou abusivamente o e-mail institucional para expressar as suas opiniões e que estas não constituem a posição oficial do IFAP".
As explicações não satisfizeram os ativistas. "Importa esclarecer, nomeadamente quanto aos procedimentos internos em vigor no IFAP, para assegurar o cumprimento do princípio da igualdade e da não discriminação nos serviços por si prestados, considerando que possui no seu próprio Departamento Financeiro alguém que assume e expõe, publicamente e usando meios do próprio Instituto, posições xenófobas e racistas".
E pedem ao IFAP, que tomem as providências necessárias "para que o cumprimento da lei seja assegurado e para que todos os cidadãos e todas as cidadãs que se dirigem ao IFAP sejam atendidos/as em regime de igualdade, ou seja, sem qualquer distinção em função da ascendência, sexo, cor da pele, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual".