Homicídio e rapto na Amora. "Não escreva o meu nome, ele anda a monte"

Há uma menina desaparecida, e um pai homicida a monte. A angústia tomou conta dos vizinhos e amigos da família Cabrita, na Amora. Fazem voto de silêncio, com medo, depois de Helena Cabrita ter sido assassinada pelo ex-companheiro da filha, que raptou a menina e ainda não foi encontrado.
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"Não escreva o meu nome, nem diga onde trabalho. Ele anda a monte e, se já matou uma pessoa, pode matar mais. As pessoas estão com medo, porque ele está desesperado. Como não o conhecem, têm medo de que apareça a qualquer momento". Ele é Pedro Henriques, o homem entre os 35 e 40 anos que matou a mãe da ex-companheira, no Seixal, e raptou a filha. E este é o testemunho de uma mulher que conhece a família, mas nunca viu o fugitivo.

Como aliás, muita gente, por aquelas bandas. Conta-se que foi foi segurança e dão-se todas as informações no condicional - o casal não vivia na Amora ou outra freguesia do Seixal. Sandra Cabrita, a ex-companheira, sim. "Conheci-a pequenina aqui no café, uma linda menina. E, mesmo agora, vinha por vezes ajudar os pais". Foi para casa dos pais, Helena e Rui, que Sandra veio viver depois da separação. Sandra trabalha agora num call center, em Lisboa, chegou a ser bailarina, acompanhando artistas nacionais. Terá sido nessa altura que conheceu Pedro, que era, então, segurança.

Pedro e Sandra conheceram-se há cinco anos e acabaram por comprar casa na Torre da Marinha, também no concelho do Seixal, com uma grande ajuda dos pais dela, contam os amigos. A relação ter-se-á deteriorado após o nascimento da filha, que agora tem dois anos e meio. Separaram-se ainda tinha a menina meses.

E a separação não foi pacífica: Pedro terá ameaçado fisicamente Sandra, o que levou o pai dela a mudar a fechadura da casa. Mas Sandra acabou por voltar à casa dos pais - com a filha. A menina continuava a ver o pai, que terá estado com ela no último fim de semana. Esta segunda-feira de manhã, Pedro foi a casa dos ex-sogros. Supostamente devia ser para deixar a criança. Mas segundo os relatos, a menina ficou no carro .

Helena Cabrita estava sozinha em casa, informação confirmada pela PSP. Houve discussão, ainda na rua, e Pedro terá forçado a entrada. Ninguém sabe se a discussão terá tido alguma coisa a ver com o facto de na manhã de segunda-feira o casal ir a tribunal para a regulação do poder paternal, processo onde a mãe de Pedro era testemunha. Não há testemunhas: Pedro matou a sogra à facada, dentro de casa, com a menina ainda no carro. Eram cerca das 08:30. a seguir fugiu, levando a menina. Está ainda a monte e nada se sabe sobre a filha.

Neste momento a PJ coordena as operações de busca, com o apoio das restantes forças de segurança da zona. Várias patrulhas fazem operações stop, procuram um carro preto. As buscas estão a ser feitas com especiais cuidados: "partindo do princípio que o indivíduo anda com uma arma e está com uma criança, quando localizarmos a viatura, a intercessão tem de ser bem avaliada", explica fonte da PJ.

Apesar do silêncio, alguns continuam a dar dicas sobre o que se terá passado. Sobre a mãe do homicida, por exemplo, dizem que sabia o filho que tinha, "causou-lhe muitos problemas, inclusive tirou-lhe dinheiro da conta bancária". A vários amigos, a vítima contou os problemas da filha com o ex-companheiro, mostrando até as mensagens ameaçadoras que este lhe enviava.

A pastelaria Orly está aberta entre as 06:30 e as 24:00 e na segunda de manhã foi Rui Cabrita quem a abriu. Chegou depois Sandra com a mãe do ex-companheiro. E estavam todos ali quando tudo aconteceu na casa de Cruz de Pau. Fecharam as portas de vidro e puxaram as grades. Saíram a correr.

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