Helicóptero do INEM sofreu "acidente sem probabilidade de sobrevivência"

Gabinete de Investigação de Acidentes Aéreos revela, em nota informativa, que o helicóptero embateu na antena de rádio e ficou imobilizado a mais de 380 metros de distância. Violência do impacto ditou as mortes
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O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e Acidentes Ferroviários (GPIAAF) revelou esta quarta-feira numa nota informativa sobre o acidente com um helicóptero do INEM, que teve lugar sábado, em Valongo, e que fez quatro vítimas mortais, que o sinistro foi "classificado como de impacto sem probabilidade de sobrevivência", confirmando ainda que a colisão contra a torre de transmissão de rádio na serra de Santa Justa teve lugar às 18.40 e que os destroços do aparelho ficaram espalhados por uma área superior a 24 600 metros quadrados.

A nota informativa do GPIAAF confirma que o "helicóptero Agusta A109S, com registo Italiano I-EITC, operado pela Babcock MCS Portugal ao serviço do INEM, descolou às 18.35 do dia 15 de Dezembro de 2018 do heliporto de Massarelos no Porto". Com os quatro tripulantes a bordo, os dois pilotos, o médico e a enfermeira, a aeronave seguiu com destino a Macedo de Cavaleiros, com paragem em Baltar.

"As condições atmosféricas locais eram caracterizadas por um tetos baixos, reportados entre os 300 e os 500 pés, com uma visibilidade horizontal de apenas 1500m. O vento do quadrante Sul (190˚) com cerca de 20 nós. O piloto, conforme procedimento do operador, antes de descolar, contactou o mecânico localizado na sua base de Macedo de Cavaleiros, declarando intenção de iniciar o voo dentro de alguns minutos, depois das condições meteorológicas melhorarem", lê-se no documento do GPIAAF.

O piloto informou também "o prestador de serviço de tráfego aéreo do Porto que, caso as condições meteorológicas em Baltar não permitissem a aterragem, regressaria à cidade do Porto". Mas, como se sabe, não chegou sequer a Baltar. Numa rota direta, o helicóptero subiu até aos 1300 pés. "Às 18:40, o helicóptero colide com uma torre de transmissão rádio, localizada na serra de Santa Justa, Valongo", referem os investigadores.

Por saber se luzes da torre estavam ativas

Esta torre tem 66 metros de altura e é constituída por uma "estrutura treliçada em tubos de aço, dotada de feixes de espias em cordão misto aço/fibra, espaçados igualmente em vários níveis ao longo da sua extensão para garantir a estabilidade estrutural. Esta infraestrutura estava licenciada e foi dotada de equipamento de balizagem luminosa no seu topo. Nesta fase da investigação, não é claro se esta balizagem estava operacional no momento do acidente".

A nota prossegue com os momentos seguintes do acidente. "Após a colisão das pás do rotor principal com o mastro da antena e nas espias superiores, a cabine do helicóptero colidiu ainda com outras duas espias de travamento da torre". Já em desintegração de painéis, "a aeronave descreveu então uma trajetória balística em rotação lenta sobre o seu eixo longitudinal pela esquerda, vindo a imobilizar-se no terreno a 384 metros após o impacto inicial com o mastro da antena".

A dinâmica do acidente" levou a uma distribuição de destroços por uma área superior a 24.600 m2", indica esta nota, em que os investigadores que chegaram ao local no domingo às 07.30 referem também que "a violência do impacto associada à posição invertida da aeronave no momento do choque com o solo, não deixaram espaço útil de sobrevivência para os ocupantes. Adicionalmente, as forças de desaceleração excederam largamente as tolerâncias humanas, sendo o acidente classificado como de impacto sem probabilidade de sobrevivência.

Este é um primeiro documento do GPIAAcuja investigação "visa unicamente identificar os fatores causais e contributivos envolvidos nos acidentes ou incidentes, com vista à eventual emissão de recomendações para prevenção e melhoria da segurança da aviação civil. É independente e distinta de quaisquer processos judiciais ou administrativos que visem apurar culpas ou imputar responsabilidades."

Além desta investigação, decorre o inquérito do Ministério Público, conduzido pelo DIAP do Porto, e também um outro inquérito da Autoridade Nacional de Proteção Civil. Esta entidade já revelou um relatório preliminar em que encontrou várias falhas no socorro após a comunicação do acidente.

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