Expansão no metro. Vêm aí quatro anos de obras em Lisboa
Quanto tempo vão demorar as obras de extensão do Metropolitano de Lisboa?
De acordo com o calendário estipulado - ou seja, sem considerar eventuais atrasos - as obras deverão começar ainda em 2019 e vão prolongar-se durante quatro anos, até 2023 (embora o primeiro-ministro tenha evitado esta quarta-feira comprometer-se com esta data).
A duração prevista das atividades críticas em termos de ruído, vibrações e poeiras, será de um ano e meio em cada frente de obra.
Quais as áreas da cidade mais afetadas?
Em termos de construção, o novo túnel do metropolitano vai dividir-se em dois troços. Um primeiro partirá da atual estação do Rato, passando pela Estrela - onde será construída uma nova estação - seguindo até ao bairro de Santos, onde haverá também nova estação. O segundo troço irá de Santos ao Cais do Sodré.
De acordo com o resumo não técnico da obra, o primeiro troço será aberto por escavação subterrânea, com um "método semelhante ao que se utiliza nas minas".
Já o segundo troço será construído a céu aberto - "A escavação será em vala, realizada no terreno ao abrigo de contenções constituídas por estacas secantes e/ou paredes moldadas". Esta será, por isso, a área com mais perturbações, quer em termos de alterações ao trânsito, quer para a área circundante às obras.
Isso mesmo é dito no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) da obra de extensão do metro : "Na fase de construção haverá certamente uma grande interferência nas zonas onde se prevê as frentes de ataque de obra e na zona de estaleiro principal, localizado junto à estação do Cais do Sodré. Estas interferências causarão grande perturbação ao nível da mobilidade no centro da cidade e consequentemente impactes nas condições de circulação locais". Um cenário que será "particularmente relevante" no "troço que se desenvolve a céu aberto ao longo da 24 de julho".
As obras vão estender-se também ao Campo Grande, com a construção de dois novos viadutos.
A circulação automóvel será a única a ser afetada?
Não. A extensão da rede de metro vai obrigar ao desvio da linha ferroviária que liga Lisboa a Cascais. De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental, "é proposto o desvio da linha de comboio", sendo uma das vias desviada para Norte, para a Avenida 24 de julho, e a outra via para Sul, para a rua da Cintura do Porto de Lisboa. Significa isto que quer os carris, quer os postos de catenária terão de ser deslocados.
A faixa viária destinada aos transportes públicos na Avenida 24 de julho também será afetada, assim como a linha do elétrico 24.
Qual o impacto para os residentes nas áreas circundantes às obras?
O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) aponta sete frentes de obra - áreas que "serão afetadas com maior intensidade" - implicando, cada uma, a instalação de um estaleiro. São elas o recinto interior do Liceu Pedro Nunes, onde será instalado um poço de ventilação; recinto interior do antigo Hospital Militar Principal de Lisboa, perto de onde será construída a estação da Estrela; o recinto interior do ISEG, onde será instalado um segundo ponto de ventilação; o recinto dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, perto de onde será construída a estação de Santos; troço entre a nova Estação de Santos e o Cais Sodré, onde a intervenção será feita à superfície e que integra um terceiro poço de ventilação; estaleiro principal na zona do Cais do Sodré, do lado sul da linha da CP; zona do Campo Grande, próximo do local onde serão construídos dois novos troços de viadutos.
O EIA alerta para a "potencial ocorrência de impactes indiretos sobre os imóveis localizados nas
imediações das frentes de trabalho a céu aberto, como resultado da deposição de partículas, poeiras, gases, lamas ou outros resíduos originados pelos trabalhos de construção e pela ocorrência de vibrações, que possam afetar a estabilidade fundacional e estrutural dos imóveis".
Onde ficarão as novas estações?
A estação da Estrela "será implantada no fim da calçada da Estrela" e passará a ser a mais profunda da cidade, com cerca de 54 metros de profundidade - mais do que a Baixa-Chiado, a mais profunda da atual rede, a 45 metros da superfície. As obras implicarão uma zona de escavação "a céu aberto", no parque de estacionamento do antigo Hospital Militar, onde ficará a entrada principal da estação.
Já a estação de Santos terá o acesso principal no" alargamento da Av. D. Carlos I onde se insere a Rua do Poço dos
Negros e a Rua da Esperança", com outra entrada perto das instalações do ISEG. A nova estação terá 32 metros de profundidade no topo norte e 16 metros no topo sul.
Quanto vai custar a obra?
O custo previsto é de 210 milhões de euros. Uma fatia de 83 milhões será comparticipada pelo POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso dos Recursos), num orçamento para o qual também contribuirão o Metropolitano (mediante a venda de um terreno em Sete Rios) e o Fundo Ambiental.
O que é que muda na rede de metro?
Com este plano de expansão, a rede de metro passa a estender-se por mais 1956 metros, quase dois quilómetros. O objetivo é que a linha verde (que passará a integrar o troço entre o Campo Grande o e Rato, atualmente da linha amarela) se transforme numa linha circular, permitindo o acesso, a partir do Cais Sodré, à zona central da cidade. A linha amarela passará a ligar Odivelas a Telheiras, o que obrigará os utentes que se deslocam para o centro da cidade a fazer transbordo no Campo Grande.
Não sendo esta opção consensual, o principal argumento usado pelo governo e pela câmara de Lisboa para justificar esta decisão prende-se com o aumento do número de passageiros - as estimativas apontam para um acréscimo de três milhões de utentes logo no primeiro ano e de 109 milhões de passageiros nos próximos 30 anos.