Incêndio de Monchique pode ter sido provocado por linha da EDP

Suspeita das autoridades é avançada pelo jornal Expresso. Fonte da empresa refuta a hipótese. Caso se confirme, depois dos fogos em Pedrógão Grande e Góis, em junho de 2017, e do da Lousã, em outubro do mesmo ano, será o quarto caso
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A origem do grande incêndio que devastou a Serra de Monchique no início de agosto pode ter sido uma linha elétrica da EDP. É pelo menos essa a mais forte suspeita das autoridades policiais, segundo avança esta sexta-feira a edição digital do jornal Expresso, que, no entanto, cita uma fonte da PJ a afirmar que "ainda serão necessárias mais duas semanas para ter uma ideia final do que aconteceu em Monchique".

O incêndio, que deflagrou em Monchique (distrito de Faro) no dia 3 de agosto, demorou uma semana a ser dominado, depois de afetar também os concelhos de Silves, Portimão e Odemira, tendo provocado 41 feridos e consumido mais de 27 mil hectares.

Contactada pelo DN, fonte da EDP Distribuição recusou responsabilidades da empresa de energia: "A linha elétrica da rede de média tensão situa-se a mais de 400 metros do ponto identificado pelas entidades oficiais (site da ANPC) como o local onde terá deflagrado o incendio de Monchique. Acresce que os nossos sistemas de monitorização permanente das linhas não registaram nenhuma ocorrência no período inicial do incêndio, tendo depois a linha sido desligada para facilitar a intervenção dos meios aéreos naquela zona. Como sempre, a EDP Distribuição tem colaborado com as autoridades competentes, disponibilizando toda a informação que lhe é solicitada", refere a empresa, numa reação enviada ao nosso jornal, acompanhada de uma fotografia para comprovar a distância entre a linha e o local de ignição do fogo.

Recorde-se que já o autarca de Monchique, Rui André, acusara na quinta-feira a EDP de ser responsável pela ignição de fogos no concelho, comentando mais um incêndio que deflagrou durante o dia na localidade de Nave.

"Em vários sítios do concelho temos problemas desta natureza. Neste local é a terceira vez que acontece uma ignição provocada por estes fios. É mesmo negligência. Já tínhamos dito à EDP várias vezes que esta é uma zona em que recorrentemente acontece isto e a EDP até agora não fez nada", referiu.

Ao DN, fonte da EDP Distribuição lembra que nos últimos cinco anos "a empresa investiu 25 milhões de euros na limpeza e manutenção de 40 mil quilómetros de rede aérea de alta e média tensão em todo o país" e que "dispõe ainda de estruturas operacionais disponíveis em permanência e em estreita ligação com a proteção civil".

Nas linhas de baixa tensão, no entanto, "a responsabilidade na limpeza de vegetação que interfira com as redes e iluminação pública, não é da EDP Distribuição, mas sim dos proprietários e outras entidades", lembra a empresa, que, no entanto, garante: "Sempre que nos é identificado ou comunicado situações de risco nas linhas de Baixa Tensão, a empresa procede à intervenção pontual da zona identificada."

Exemplo disso, sublinha a mesma fonte, "é a intervenção das equipas da EDP Distribuição, nesta última semana, na zona de Monchique, em árvores não protegidas, próximas de linhas elétricas de baixa tensão. Adicionalmente, e na mesma zona, a empresa fez um pedido ao ICNF para podar árvores protegidas em 14 locais".

A confirmar-se a suspeita das autoridades em relação ao grande incêndio do início de agosto, este será o quarto grande incêndio com causa atribuída às linhas elétricas da EDP desde o ano passado, depois dos de Pedrógão Grande e de Góis, em junho de 2017, e do da Lousã, em outubro, de acordo com as conclusões dos dois relatórios da Comissão Técnica Independente.

[* notícia atualizada com a reação da EDP Distribuição ao DN]

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