Hospital de Setúbal abre processo para averiguar morte de mulher após parto
O Centro Hospitalar de Setúbal (CHS) informou esta quinta-feira que abriu um processo para averiguar e esclarecer as circunstâncias da morte de Vânia Graúdo, uma utente que morreu após o nascimento do filho a 3 de agosto.
Numa resposta escrita enviada à Lusa o hospital afirma que a mulher "foi atendida de acordo com o estado da arte preconizado para a sua situação clínica", mas frisa que já foi aberto "um processo de averiguação para o cabal esclarecimento da situação".
"O CHS lamenta a morte da utente Vânia Graúdo e endereça as mais sentidas condolências à família", adianta.
Segundo avançou o Diário de Notícias, a mulher tinha 42 anos e estava grávida de 39 semanas quando deu entrada no Hospital de São Bernardo, em Setúbal, no dia 01 de agosto, para uma cesariana marcada.
"A partir dos 40 é sempre uma gravidez de risco, mas a minha irmã esteve sempre bem, não tinha problemas de saúde", contou ao DN a irmã Paula, ainda incrédula com a notícia que recebeu há uma semana. Primeiro ligaram-lhe a dizer que o Rafael tinha nascido, mas que do hospital diziam que tinha havido complicações graves durante o parto. Não passaram 15 minutos e o telefone tocou de novo. Vânia tinha morrido.
Não sabe descrever o que sentiu. "Fiquei em choque!" Ainda está. Nos dias em que esteve no hospital, Vânia foi ligando à irmã para lhe dar conta do desenrolar da situação. Apesar de ter ido com a certeza de uma cesariana, até porque tinha decidido laquear as trompas para não ter mais filhos, foi informada pela médica de serviço de que iriam tentar um parto normal e que no sábado já lhe estavam a dar comprimidos para induzir o parto. "A médica disse-lhe que já tinha tido duas filhas por parto normal, não fazia sentido a cesariana."
Carina Gaspar, cunhada de Vânia, levou-a ao hospital naquele sábado. Diz que o papel que tinha para se apresentar às 08.30 da manhã não referia cesariana, mas que Vânia sempre garantiu que era assim que ia nascer o menino.
O hospital de Setúbal, em resposta a um conjunto de questões enviadas pelo DN, afirma que "não estava prevista a realização de cesariana". E acrescenta: "Foi realizada a indução de trabalho de parto no dia 1/8/2020, conforme planeado com a grávida em consulta de vigilância realizada em 29-07-2020."
Questionado sobre a razão de a equipa médica ter esperado mais de 48 horas para fazer o bebé nascer, o Hospital de São Bernardo confirma que a indução do parto foi iniciada no sábado, vindo o bebé a nascer apenas às 13.55 de segunda-feira. "Foi iniciada a indução de trabalho de parto às 17.45 de dia 1/8/2020 com a administração medicamentosa, e continuada no dia 2/8/2020, segundo protocolo habitual, e cuja rapidez do efeito é variável de mulher para mulher. Durante todo este período a grávida e o bebé permaneceram monitorizados com CTG sem intercorrências, até um início de um quadro convulsivo súbito."