Falta de camas, espaço e profissionais. Médicos alertam para riscos no Hospital de Setúbal

O serviço de oncologia perdeu cinco dos seus seis médicos e a obstetrícia funciona com menos 13 especialistas do que o necessário. Camas nos cuidados intensivos não aumentaram desde a inauguração do hospital (em 1985) e as instalações precisam de crescer, denunciam os diretores de serviço e a Ordem dos Médicos.
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Instalações e equipamentos desgastados e a perda de profissionais especializados no Centro Hospitalar de Setúbal estão a preocupar os diretores de serviço da unidade de saúde e a Ordem dos Médicos. O bastonário, Miguel Guimarães, refere-se ao risco do hospital "perder várias especialidades" médicas, caso não seja reforçado o investimento. Uma vez que, segundo o médico, o financiamento do hospital São Bernardo é "pago abaixo dos serviços que proporciona".

Entre os principais problemas do hospital estão "a necessidade de ampliar" as instalações "para acolher a integração da ortopedia que é suportada pelo Hospital do Outão". "Mas, se essa integração ocorrer sem reorganização dos espaços já carenciados, os problemas podem vir a ser ainda maiores", alertam ​​​os diretores de serviço de Setúbal, num documento que será apresentado esta sexta-feira de manhã. Apontam ainda dificuldades no serviço de urgência e a ausência de "condições atrativas para os atuais e novos profissionais" do hospital.

É o caso da especialidade de anatomia patológica, serviço que tem apenas uma médica com 60 anos. Ou da ginecologia/obstetrícia que conta com dez especialistas, alguns a tempo parcial, quando o departamento precisaria de 23 médicos a tempo inteiro. "A médio prazo, prevê-se ainda o agravamento da carência de médicos, uma vez que a média etária dos médicos especialistas do serviço é elevada, dado que oito têm entre 56 e 66 anos de idade", estima a Ordem dos Médicos.

Na oncologia, no último ano e meio, deixaram o hospital cinco dos seis especialistas que trabalhavam nesta área.

Os médicos queixam-se ainda da quantidade de camas de internamento, nomeadamente, nos cuidados intensivos - sete - que se mantém assim, desde a inauguração das instalações, em 1985, segundo a Ordem dos Médicos, em comunicado enviado às redações.

"A diferenciação clínica que o hospital atingiu não foi acompanhada pelas instalações, o que se traduz numa organização muito disfuncional, de que é imagem principal o serviço de urgência e todos os problemas que vêm permanentemente a público", aponta o bastonário.

O Centro Hospitalar de Setúbal serve os concelhos de Setúbal, Palmela e Sesimbra, uma área com cerca de 250 mil habitantes. A que acresce a procura de muitos outros doentes vindos do Litoral Alentejano (que tem mais de cem mil habitantes), dos municípios de Alcácer do Sal, Grândola, Santiago do Cacém, Sines e Odemira por falta de resposta na sua zona de residência ou por escolha.

Há quatro anos passou a ser permitido aos utentes escolherem o hospital onde querem ser tratados, independentemente, da área de residência do paciente e desde essa altura que o hospital de Setúbal recebe, em média, mais 20% dos doentes que tinha até 2016, segundo a Ordem.

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