Costa acredita que incêndio de Monchique vai demorar "dias" a ser extinto

O primeiro-ministro afirmou que as evacuações que têm vindo a ser feitas na sequência do incêndio de Monchique "não estão a violar a Constituição nem a lei"
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O incêndio de Monchique "não vai ser apagado nas próximas horas", poderá demorar "dias" até ser extinto e "vai exigir muito trabalho", afirmou esta quarta-feira o primeiro-ministro António Costa. "Não vale a pena ter a ilusão de pensar que este incêndio será apagado nas próximas horas. As condições serão adversas, do ponto de vista da temperatura, de velocidades do vento e da humidade", disse o chefe de Governo, após ter participado numa reunião na sede da Proteção Civil, em Carnaxide, com os dirigentes de várias entidades, como o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e a Direção-Geral de Saúde (DGA).

Após a reunião que serviu para dar a conhecer o ponto da situação relativamente aos incêndios e aos dias de calor extremo que assolou o país nos últimos dias, António Costa referiu que o que está a ser feito e o que pode ser feito é "um trabalho de contenção" no incêndio em Monchique. "São precisas muitas horas de trabalho para que possa ser totalmente extinto", considerou sobre o fogo que deflagrou na sexta-feira, ao início da tarde. Acrescentou que o "combate efetivo é muito limitado", concentrando-se à noite, de madrugada e no início da manhã devido às temperaturas elevadas, aos ventos fortes e à humidade.

Questionado sobre o facto de o incêndio ainda não ter sido extinto após seis dias desde o seu início - deflagrou na sexta-feira ao início da tarde -, apesar da prevenção que se fez nos meses anteriores, como a limpeza de terrenos, do número de meios e operacionais envolvidos, o primeiro-ministro garantiu que "valeu a pena a prevenção"." (...) Seguramente com a vaga de calor que tivemos, teríamos mais do que as 582 ignições, mais do que estes 26 incêndios e mais graves", defendeu. Referiu as dificuldades, como a orografia do terreno, as características das florestas, as situações climatéricas e "outros fatores que serão apurados" mais tarde. "Esta foi a exceção da operação de sucesso nos últimos dias", sublinhou, tendo afirmado que o concelho de Monchique estava sinalizado como "o de maior risco de incêndio para este ano".

Além de ter mencionado as dificuldades no combate ao incêndios, António Costa referiu que é preciso gerir os meios tendo em conta a oportunidade de combate efetivo que "é limitada" e há que "utilizar os meios para que tenham utilidade efetiva".

O incêndio de Monchique, que já fez 32 feridos, um deles grave, tem atualmente dois pontos críticos, em Fóia e em Silves, especialmente em Pinheiro e Granado e na zona da Pedreira, disse esta manhã a segunda comandante nacional da Proteção Civil, Patrícia Gaspar

Para António Costa o facto de haver atualmente um incêndio de grandes dimensões "demonstra que o sistema respondeu ao desafio que estava colocado", apesar de voltar a salvaguardar que ainda "é cedo para um balanço".

Aliás, o primeiro-ministro avisou: "Esta foi só a primeira prova de muitos dias, semanas e alguns meses de um verão que começou tardio e de forma brutal".

Evacuações "não estão a violar a Constituição nem a lei"

Antes de responder a questões dos jornalistas, António Costa começou por dizer que este verão é atípico, começou tarde e com uma vaga de calor. Agradeceu o "grande esforço dos portugueses" que foi feito no outono, primavera e no início deste verão na prevenção, que, disse, levou à diminuição do número de ocorrências até ao momento, tendo em conta o mesmo período do ano passado, apesar de afirmar que ainda é cedo para balanços.

Abordou depois as evacuações preventivas de algumas zonas habitacionais na sequência do incêndio de Monchique, referindo que as mesmas "não estão a violar a Constituição nem a lei", mas sim preservar a vida humana. "É irresponsável o apelo de não seguir as indicações das autoridades", afirmou.

Proteção Civil está "a fazer tudo o que é possível para conter" incêndio

Antes da intervenção do primeiro-ministro, o comandante nacional de operações da Proteção Civil, Duarte da Costa, referiu que durante a semana de calor extremo foram registados "787 incêndios rurais", o que comparando com o mesmo período do ano passado significa "menos 500 ignições". "Se nós com mais calor tivemos menos ignições quer dizer que há um esforço preventivo que foi feito e que há que realçar", sublinhou. O responsável referiu que "o sistema respondeu a todos os incêndios". "Relativamente ao de Monchique estamos a fazer tudo o que é possível para o conter, para o debelar e extinguir".

Duarte da Costa dirigiu ainda "uma palavra de confiança" para as populações do Algarve, das regiões de Silves e Portimão. "Temos a situação, eu diria, quase totalmente controlada, com pequenos focos".

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