Coronel da GNR escolhido para chefiar missão na República Centro-Africana
O coronel da GNR Paulo António Pereira Soares foi escolhido pelo Comité Político e de Segurança da UE para chefiar a Missão Europeia de Gestão Civil de Crises na República Centro-Africana (EUAM-RCA).
Esta missão, que foi aprovada recentemente pelos chefes da diplomacia da UE, tem como principal objetivo o aconselhamento do ministro do Interior e das forças de segurança da República Centro-Africana.
Com esta nomeação, Portugal - que também tem 19 polícias ao serviço da ONU na República Centro-Africana, na missão MINUSCA - vê reforçado o papel ativo que está desempenhar no processo de paz na República Centro-Africana. Além dos polícias, no país africano estão 180 militares portuguesa integrados na força da ONU. A República Centro-Africana prevê realizar eleições presidenciais e legislativas em 2020.
De acordo com o Ministério da Administração Interna, o plano de ação para este desafio assumido pelo coronel português tem como prioridade contribuir para o restabelecimento da autoridade do Estado centro-africano, com o objetivo de aumentar as condições de segurança e estabilidade até ao final do próximo ano.
Paulo Soares é oficial da GNR e tem 55 anos. Desde março, dirige a Célula de Interoperabilidade da Missão de Treino da UE na República Centro-Africana (EUTM-RCA). Antes, em Portugal, foi até fevereiro comandante territorial da GNR em Braga, e como tal responsável pelo cumprimento da missão da Guarda em todo o distrito. É licenciado em Relações Internacionais e mestre em Estudos sobre Guerra e Paz.
A nível profissional, foi oficial de ligação do Ministério da Administração Interna em Moçambique e oficial de ligação da GNR em Timor-Leste, diretor da Repartição de Relações Internacionais e Cooperação da Direção-Geral da Administração Interna e, entre outras funções, comandante do Centro de Formação da Guarda.
A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.
O Governo centro-africano controla um quinto do território. O resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
Um acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, no início de fevereiro pelo Governo e por 14 grupos armados. Um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.
Portugal está também presente no país africano desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA), com a 6.ª Força Nacional Destacada, que tem a função de força de reação rápida e integra 180 militares, na sua maioria paraquedistas.