Centenas protestaram em Lisboa contra o racismo e a violência policial
Centenas de pessoas desceram esta tarde a Avenida da Liberdade, em Lisboa, gritando palavras de ordem contra o racismo e a violência policial, sob o olhar atento dos agentes da PSP à frente da manifestação e as carrinhas do Corpo de Intervenção a acompanhar pelas ruas laterais. Segundo a polícia, o protesto contou com 500 a 600 manifestantes.
"Racismo e fascismo não passarão" e "direitos iguais", foram algumas das palavras de ordem proferidas pelos manifestantes.
O protesto ocorreu na sequência do recente caso de Cláudia Simões, na Amadora, e foi convocado por vários movimentos antirracistas e antifascistas. Estão ainda bem frescas na memória as imagens de há um ano quando outra manifestação no mesmo local, na sequência das agressões no bairro da Jamaica, acabou com pedras e tiros.
Na manifestação participaram as deputadas Beatriz Dias, do Bloco de Esquerda, e Joanice Katar Moreira, eleita pelo Livre mas a quem o partido retirar-lhe a confiança política. Também a ex-deputada do PCP, Rita Rato, esteve no protesto, a título individual.
Em declarações aos jornalistas, a deputada bloquista afirmou que "os recentes casos envolvendo a PSP e a comunidade africana não podem ficar sem resposta".
"É extremamente olhar para eles como são. Casos de violência racista, na medida em que eles afetam de uma forma bastante desproporcional pessoas provenientes das comunidades racializadas", sublinhou Beatriz Dias.
Já Joacine Katar Moreira defendeu, em declarações à Lusa, que a luta antifascista e racista "deve ser de toda a sociedade civil e não apenas dos afrodescendentes". E apelou a "uma maior participação, pois ainda é insuficiente".
No protesto esteve também a mãe de Claúdia Simões, a mulher que foi detida há duas semanas na Amadora pela PSP e que diz ter sido agredida por um polícia. Maria Simões, que veio de Angola para apoiar a filha, tinha um cartaz onde se lia: "Sou a mãe da vítima torturada pelo agente da PSP (...) Espero Justiça urgente. Sejam solidários com o ato racial. Falamos a mesma língua. Ajudem-me por favor".
"O regime tem de mudar. A minha filha não é um animal. Ela nem sequer consegue sair de casa. Só quero que se faça justiça", afirmou, de forma emocionada, Maria Simões.
Além de Cláudia Simões, os participantes neste protesto evocaram o nome de Giovanni Rodrigues, jovem cabo-verdiano que perdeu a vida em Bragança, em dezembro do ano passado, e de Alcindo Monteiro, assassinado em 1995 em Lisboa por um grupo de extrema direita.
A manifestação, que começou no Marquês de Pombal, terminou no Largo de São Domingos, junto ao monumento em memória dos milhares de judeus mortos, vítimas da intolerância e do fanatismo religioso.
(Notícia atualizada às 19h50 com várias declarações)