Caravelas-portuguesas avistadas em quinze praias só este mês
Lisboa, Algarve, Leiria, Açores. Ainda não chegámos a meio de julho e são já 15 as praias do país que foram afetadas pela presença de caravelas-portuguesas, espécie especialmente perigosa por poder causar queimaduras graves e que já obrigou à proibição de banhos em praias de norte a sul este verão. A boa notícia, tendo em conta informação publicada no site do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), é que a ameaça à nossa costa parece, ainda assim, estar a diminuir.
"Os dados do programa GelAvista indicam que a abundância destes organismos é já menor do que no final de maio e início de junho, mas teremos de aguardar a evolução dos fatores oceanográficos locais para perceber como poderá progredir o transporte destas espécies", indica o IPMA, que sublinha que é previsível que a abundância da espécie - assim como da mais comum e menos perigosa Velella velella - diminua gradualmente ao longo do tempo.
Ainda na última semana, várias praias do concelho da Lourinhã estiveram interditas a banhos, depois de avistamentos de caravelas-portuguesas. Areia Branca, Praia da Peralta e de Porto Dinheiro são aquelas que foram agora identificadas no relatório do IPMA, com data desta sexta-feira, a que se juntam outras na região de Lisboa que foram afetadas pela espécie desde o início do mês: Praia de S. Lourenço (Mafra), Praia do Giribeto (Sintra) e Praia de Carcavelos. Em Leiria, foram registados avistamentos na praia da Gâmboa e a sul, no Algarve, na Amoreira e na praia de Faro.
Mas é nos Açores que as Caravelas-Portuguesas têm aparecido em maior número. Foram registados avistamentos na praia do Varadouro (Faial), das Milícias (São Miguel), Silveira (Terceira), Zona balnear das Cinco Ribeiras (Terceira), Serretinha (Terceira) e no cais da Calheta (Santa Cruz da Graciosa).
Há menos de um mês, Antonina dos Santos, do programa GelAvista, explicou que não é ainda "possível identificar os fatores que poderão estar por trás" da abundância destas espécies, uma vez que "existe ainda muito desconhecimento não só sobre esta espécie [Physalia physalis], mas também sobre outros organismos gelatinosos, a nível mundial".
A responsável avançou, no entanto, que a caravela-portuguesa é "muito influenciada por ventos e correntes, flutuando à superfície do oceano", mas também referiu que "temperaturas elevadas poderão beneficiar a sua reprodução e desenvolvimento". Este ano o programa recebeu e recolheu "muito mais informação sobre as ocorrências do que em 2018".
A caravela-portuguesa apresenta uma forma de balão de cor azul e, por vezes, tons lilás e rosa, flutua à superfície da água, é influenciada por ventos e correntes superficiais. Os tentáculos da espécie são muito urticantes e podem provocar queimaduras graves.