Buzina de navio que não deixa Lisboa dormir pode soar "a semana inteira"

A culpa é da má visibilidade provocada pelo nevoeiro dos últimos dois dias. O "Western Miami" está fundeado no Tejo, mesmo no caminho dos cacilheiros. Sinal sonoro é aviso para evitar abalroamento.
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É a segunda noite que quem vive nas zonas próximas ao Rio Tejo, em Lisboa, não consegue dormir. A culpa é da sirene do navio de carga "Western Miami", que está fundeado no Mar da Palha (Rio Tejo) e por isso no caminho dos cacilheiros da Transtejo. "O navio acionou a sereia porque há risco de abalroamento. É obrigado a fazê-lo sempre que existe má visibilidade. Até pode fazer soar a sereia a semana inteira", explicou ao DN o comandante da Capitania do Porto de Lisboa, João Coelho Gil.

O navio, com bandeira das Filipinas, chegou a Lisboa no dia 28 de dezembro e está a fazer "cargas e descargas", além de abastecimento de combustível, água e alimentos. "É algo habitual nestes navios de carga e não há um prazo definido para o barco partir. O que não é habitual é termos tão má visibilidade, por causa do nevoeiro que se tem feito sentir", disse o responsável.

Apesar das queixas se multiplicarem nas redes sociais, a Capitania do Porto de Lisboa afirma não ter recebido nenhuma reclamação por causa do som da sirene do navio.

"Segunda noite consecutiva que ouço em Arroios, 3 buzinas de minuto a minuto, hoje comecei a ouvir às 4h. Já liguei para 4 sítios diferentes entre polícia e portos e a culpa não é de ninguém.", queixava-se uma moradora no Twitter.

Moradores de zonas como Penha de França, bairro da Graça, Santa Apolónia e outras áreas próximas do Tejo queixaram-se de ter ouvido, esta madrugada, um "som contínuo e muito alto" e que terá durado "pelo menos uma hora".

No entanto, segundo as regras internacionais, o "Western Miami" não só pode fazer soar a sirene a qualquer hora, como o deve fazer: "É a regra número 35 do Regulamento Internacional Para Evitar Abalroamentos no Mar", esclareceu Coelho Gil.

Por isso, e segundo o regulamento, sempre que o barco de carga vê os cacilheiros aproximarem-se, faz soar a sirena. "É bom que o faça, porque é um obstáculo considerável", sublinha o comandante do porto de Lisboa.

Bloco de Esquerda questiona Medina

Entretanto, o Bloco de Esquerda anunciou que entregou um requerimento dirigido a Fernando Medina, questionando o presidente da Câmara de Lisboa relativamente à poluição sonora sentida devido à sirene do navio de carga "Western Miami".

"Em causa está o bem-estar dos lisboetas que vivem mais próximo da frente ribeirinha, existindo relatos de pessoas acordadas já na zona da Estefânia. O Bloco de Esquerda tem vindo a avançar com propostas para a redução da poluição nas suas várias vertentes, produzidas pelos meios de transporte de grandes dimensões que passam pela capital", refere o partido, em comunicado.

Para o Bloco, está em causa "a violação dos níveis de ruído ambiente exterior estabelecidos no Plano de Acção do Ruído da Câmara de Lisboa. Estes estão limitados a 65 decibéis, durante o dia, e 55 decibéis para o período nocturno, entre as 23h e as 7h00".

[atualizado às 17.11, com o requerimento do Bloco de Esquerda]

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