As compras online vieram para ficar. Embora os portugueses continuem a ser adeptos de se deslocarem às lojas, os confinamentos decorrentes da pandemia obrigaram-nos a adotar novas formas de comprar. Adquirir produtos através da internet obriga a que os pagamentos sejam efetuados da mesma forma..E, embora pagar através da tão popular referência multibanco continue a ser a preferida dos portugueses, os pagamentos com MbWay estão a crescer..De acordo com uma análise do KuantoKusta, de janeiro a outubro deste ano foram 48,26% dos clientes que utilizaram as referências multibanco e 40,22% preferiram recorrer ao MbWay. No mesmo período de 2021, 57,09% pagaram através do multibanco e apenas 27,87% escolheram o MbWay..Segundo o marketplace, há uma diferença de comportamento entre os clientes que efetuam registo no site e os que compram como "convidados. No momento de finalizar a encomenda, os clientes não registados (29%) optam por pagar as compras online maioritariamente por referência multibanco.."Prende-se, em parte, com o perfil etário e com o facto de serem consumidores mais tradicionais, menos disponíveis para utilizar aplicações como MbWay e que são ainda renitentes na partilha de dados" justifica André Duarte, diretor comercial do KuantoKusta..Assim, do total de encomendas efetuadas no marketplace do KuantoKusta este ano por clientes sem registo, 55% foram pagas com recurso a referências multibanco, 29,88% foram pagas por MbWay e 14,6% através de cartão de crédito..Já no caso dos clientes que efetuam login para concluírem as suas compras (71%), os meios de pagamento escolhidos são diferentes. A percentagem de encomendas pagas com recurso a multibanco continua a ser maior, com 48,5%, mas a grande diferença está no aumento, em mais de 10% da opção MbWay, que passa a representar 40,27% dos pagamentos efetuados..É nas compras recorrentes e com cabaz médio mais baixo (saúde e beleza, puericultura, animais de estimação), que a tendência do consumidor recai sob o MbWay (50,25%). Segue-se a referência multibanco (43,34%) e o pagamento por cartão de crédito, que representa 6,33% do total..De referir, embora ainda com pouco impacto por apenas ter sido lançada em março deste ano, a opção de pagamento por financiamento. Em sete meses 1,85% do total de clientes recorreu à oferta de financiamento, sobretudo em áreas tecnológicas, para comprar smartphones, consolas de gaming, televisões e grandes eletrodomésticos.."Aqui o financiamento da compra passa a ser uma opção considerada pelos utilizadores em 2,96% das suas compras. A diferença pode ser justificada pela disponibilidade da opção para este tipo de produtos, já que estes estão acessíveis para serem financiados", justifica o KuantoKusta..Para André Duarte "esta opção é uma das modalidades que surge nesta tipologia de compras, mas ainda com uma expressão reduzida". Incluir esta forma de pagamento, sem juros é um benefício que, para a empresa, faz todo o sentido.."Espera-se que esteja disponível em cada vez mais lojas, com mais produtos elegíveis e que seja escolhida por mais consumidores, principalmente nesta fase de maior exigência orçamental", afirma o diretor comercial do KuantoKusta..Para algumas empresas que oferecem soluções de pagamentos digitais, o recurso à referência multibanco pode ter os dias contados. Como refere o diretor comercial da Eupago, Rui Silva, "as novas gerações e o mercado, com a necessidade de formas de pagamento mais ágeis, ditaram o princípio do seu fim, porque este é um meio de pagamento cada vez menos apelativo num mundo globalizado"..Para a head of Sales and Marketing da Easypay, o mercado está totalmente transformado. "Todos os dias nascem novos meios de pagamento e novas formas de pagar", afirma Madalena Cunha, que adianta que as referências multibanco têm muitas desvantagens a nível de pagamento, "já que o cliente pode finalizar o carrinho de compras e não chegar a pagar, perdendo-se assim uma venda"..Apesar desta opção ainda ser o meio de pagamento online mais utilizado em Portugal, o co-CEO da Ifthenpay garante que a sua empresa foi dos principais divulgadores e integradores do MbWay. Filipe Moura afirma que "as mentalidades não mudam de um dia para o outro e não nos podemos esquecer que atrás dos sistemas estão pessoas" e que todos os métodos de pagamento têm "o seu espaço e os seus clientes preferenciais"..No que à evolução dos meios de pagamento, os três responsáveis são unânimes em afirmar que o futuro é cada vez mais digital. "Em grande parte passa pela substituição do cartão pelo telemóvel e pelo relógio usados como meio de pagamento. A pandemia veio acelerar significativamente o pagamento sem contacto", declara Madalena Cunha, secundada por Filipe Moura. "Como resultado da pandemia, mas também da evolução natural da tecnologia e do comércio digital, a tendência dos pagamentos é serem cada vez mais digitais, contactless, rápidos (real-time), cómodos e seguros"..Também Rui Silva crê que o mercado dos pagamentos tem acompanhado o desenvolvimento tecnológico. E atribui muito deste desenvolvimento à pandemia "que alavancou o comércio online, criando uma nova dinâmica de vendas com efeitos diretos na economia de cada país".