Vice de Trump diz que aviões são “fixes” (e outras cenas)

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Que Donald Trump seja incapaz de descrever seja o que for a não ser utilizando as mais exageradas expressões já estamos habituados. Mas, honra lhe seja feita, pelo menos comunica o que pretende naquele instante - ainda que possa apenas estar a tentar colocar-se numa posição de vantagem negocial, provocar uma mera reação no adversário ou venha a mudar de ideias dali a uns minutos; tudo depende. O mesmo já não se pode dizer de quem o rodeia na sede do governo norte-americano.

Na sexta-feira, quando estava a apresentar o novo avião F-47 que a Boeing vai construir para as Forças Armadas americanas, Trump descreveu o caça de sexta geração como estando “equipado com tecnologia furtiva de ponta, é praticamente invisível” - o que é, obviamente, um disparate. Estes aparelhos, pelas suas formas e materiais, e pelos seus sistemas eletrónicos ativos, são é difíceis de detetar por radares e outros sistemas de rastreio aéreo do inimigo. Mas são, claro, visíveis.

Pior foi a intervenção do vice-presidente dos EUA. Em dado momento, apercebendo-se de que JD Vance se encontrava na Sala Oval a assistir à apresentação do projeto, Trump diz-lhe: “Tem alguma coisa a acrescentar?”

Vance contribuiu com estas palavras para a História: “Eu acho que aviões são fixes!”

Este é o homem que, em princípio, irá suceder a Trump, já daqui a quatro anos, na direção do Partido Republicano. Uma força política que continua sem adversário, na realidade. Os democratas estão a reagir a uma velocidade glacial ao terramoto que lhes aconteceu nas Presidenciais, em que perderam todos os swing states. E de cada vez que o seu líder, Chuck Schumer, aparece na TV, com os seus óculos na ponta do nariz, a criticar qualquer medida do presidente dos EUA consegue, por contraste, fazer com que Trump pareça ser um poço de força e vitalidade.

Mas Schumer diz que está para ficar. Ainda este domingo, após ter apoiado o projeto orçamental republicano no Senado, que permitiu evitar o shutdown da Administração Pública, o líder democrata voltou a ser criticado pelos seus correligionários por não fazer o suficiente para impedir Trump de prosseguir com os seus projetos. E assegurou: “Não me vou demitir.” A fazer lembrar um presidente que insistiu em se manter recandidato até ser tarde demais.

Claro que - e isto sempre acontece com um certo tipo de cabeças - há quem tente encontrar explicações para os seus desaires em todo o lado, menos na realidade. A atriz e ativista Rosie O’Donnell, que cumpriu uma promessa e abandonou os EUA (foi viver para a Irlanda) após a vitória de Donald Trump, afirmou na sexta-feira, num talk show noturno da RTE, que “deveria haver uma investigação” à forma como o republicano venceu as eleições de 2024. Afinal, disse a antiga humorista de 63 anos, um dos seus “melhores amigos é dono e gere a internet” - referindo-se a Elon Musk. E não, não estava a brincar...

Venha de que lado vier do espectro político, a ignorância nunca deveria ser uma coisa fixe.

Editor do Diário de Notícias

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