Valores e riscos
Não é fácil assumir o declarado futuro de todas as soberanias num tempo em que se tornaram já evidentes desafios não previstos nos estatutos e projeções verbais de futuro, quando novos desafios se apresentam na vasta liberdade desse futuro, que não é respeitadora daquele que tenha sido projetado no mundo e provavelmente assumido. Foi o que muito agressivamente se levantou quanto à violação da institucionalização do globo pela ONU, que identifica os riscos que enfrenta, e apela à responsabilidade consciente dos poderes, em primeiro lugar políticos, mas com visão mundial.
O problema da saúde suscitado pela intervenção de força de guerra da covid-19, com o risco do clima, questões que agravam os desafios do século corrente, completamente inevitáveis sem projeto de resposta apoiada na previsão com rigor. O ataque da covid-19 isola-se da questão da soberania - segurança, e até das circunstâncias dos temas da segurança e defesa clássica, ou do crescimento da já em exercício procura de novas tecnologias para responder à resposta a dar aos programas assumidos, ou às migrações com passado registado para todas as etnias, culturas, e credos. Mas esta realidade pode, em cada caso, vir a produzir um resultado mundializado, sem que isso diminua o tempo decorrido. Assim como John Gray (2001) afirmou, depois do atentado do 11 de Setembro de 2001, a época da mundialização tinha acabado, sendo igualmente avisadora a sentença de Ulrich Beck que Chernobyl acabara com a mundialização, acentuando a vulnerabilidade recebida dessa agressão. São estes conhecimentos que conduzem à identificação do que podem ser novas épocas, ou até épocas dos cisnes negros. Evoluções técnicas, por exemplo surpreendidas, porque é que vistos os desafios à União Europeia, André Martin medita sobre se a Europa se reorganiza ou desfaz.
Estas questões que exigem a definição e precisão das estruturas políticas, aconselham a observar como se tornará efetiva a largamente apoiada eleição do novo presidente dos EUA. Este não tem dificuldade em referir com clareza os seus valores e definição programática da ordem internacional e da sua fonte que é a justiça natural dos ocidentais. As suas primeiras intervenções tornam clara a formação, quando a convicção dos valores fora desejada, parcialmente abandonada, não posta em total causa pelos ocidentais: mas é necessário que o seu credo, será com a sua autoridade respeitada, quando o antigo presidente que foi vencido e teima em ir espalhando que os seus votos a favor tinham sido repelidos. Acontece que a votação que obteve é todavia vasta, e de manifestação pública, tentando obstaculizar a nova intervenção presidencial. Trata-se da irresponsabilidade do comportamento, mas a história americana tem a mais inquietante tradição no que aconteceu a Lincoln, vencedor. A conduta deste adversário não é uma revolução, é antes uma sucessão espetacular da tendência para desordem, que parece não abandonar a sua vontade. Por outro lado, a desordem sul-coreana vai conseguir ser atenuada e vencida, de modo que também não seja diminuída a importância do Atlântico a ter presença na segurança e defesa de que os povos andam frequentemente afastados. Não terá obstáculos encontrar abusivas intervenções em liderança do partido republicano que tem passado diferente.
Reduzindo a questão a exemplos que podem fortalecer a atitude não respeitada pela legalidade interna e externa, impedir que a ambição de um vencido, em temas, cultura, e ação, não esclarecido, mais uma vez, que esta seja a sua causa de um desastre não apenas nacional, mas exibindo excessos passados que foram condenados pela Carta da ONU, reposta pelas pessoas sem diferenças étnicas ou religiosas, ou apenas esquecendo a história dos povos a que pertencem os fascinados anúncios pela desorganização da liderança vencedora, que tem do presente, este vencido não hesitou em louvar a decisão que o Tribunal Penal Internacional se viu forçado a aprovar porque nenhum Estado responsável aceitava participar. O novo presidente dos EUA, quando invoca a sua conceção do mundo, da vida, e da sua nação, não ignora, mas cauteloso não sofrerá a decisão do povo que fará a recusa dos princípios do antigo presidente, nem que mantenha a metade da capacidade verbal que demonstrou de mobilizar a violência dos seus adeptos partidários. O mais notado deste causador do risco nacional parece ser ignorar totalmente que o que foi ajuda no Ocidente foi o sopro de santidade que fez aparecer vozes e comportamentos no sentido de servir a paz e a cooperação depois da segunda guerra mundial de 1939-1945, de tal modo que os governadores dos EUA decidiram cooperar na recuperação da Europa, não excluindo a Rússia, que recusou, tendo sofrido duas Guerras Mundiais, os governos da França, da Alemanha, e da Itália, os quais por esse caminho encontraram a solidariedade da criada União Europeia. Os riscos que o novo presidente tem de conseguir evitar encontrarão neste passado uma fonte de valores a consagrar.