União Africana: os 5 pilares da Presidência angolana para a África 2025!

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Primeiramente, contextualizar o seguinte, já que é praticamente em simultâneo que o presidente João Lourenço assume a Presidência anual da União Africana (UA), em Addis Abeba, e o M23 ocupa Goma, capital do Kivú Norte, na República Democrática do Congo (RDC).

Esta guerra no leste da RDC, será “o pepino mais indigesto” desta Presidência! A mesma propõe 5 pilares/objectivos a trabalhar. A saber:

Primeiro, promoção da paz e segurança, cujos exemplos da RDC, norte de Moçambique, República do Sudão, mais o “Sahel das Juntas e o Senegal do Sá Carneiro de Dakar”, não poderão ser blá, blá, nas iniciativas e acções da diplomacia angolana. Todos estes palcos têm códigos e idiossincrasiazinhas muito próprias, decisivas e imperativas no resultado final. Pelo que a oportunidade do “soluções africanas para problemas africanos” é agora angolana! E tudo depende do domínio dos códigos africanos, pelos próprios africanos.

O que quero realmente dizer sobre este capítulo, resultará melhor no seguinte comparativo: fosse hoje África o continente matriarcal que foi, “no tempo em que os animais falavam”, suporia uma sororidade natural entre nações, entre mulheres. Dependendo África do governo dos homens, será normal “virem outras feromonas ao de cima”, baseadas nos 7 pecados originais e tudo “borregar” à falta de cooperação. E é este o ponto que quero destacar: Angola vai precisar da cooperação de todos, em nome de África! E aqui fica a oportunidade de todos;

Segundo, desenvolvimento económico e integração regional, através da operacionalização da já existente Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), a maior ZCL do mundo. Sobre este pilar, remeto leitura para “Angola - Presidente da União Africana 2025: les enjeux!”;

Terceiro, desenvolvimento sustentável e unidade africana, cuja cola terá de se basear num combate feroz à pobreza e à exclusão social. É preciso eliminar a condição de quem se encontra na “franja da franja” destas sociedades! Como? Começando pela Educação e passando por uma melhor/maior partilha do bolo;

Quarto, exercer pressão para a reforma das Nações Unidas. Pertinente, importante reforçar o assunto na agenda do século XXI, mas trata-se de um não-assunto! Porquê? Porque a ONU nunca aceitará levantar o precedente de ver representação continental no Conselho de Segurança, nem nenhum dos 5 membros permanentes voluntariamente abdicará da posição leonina que ocupa no principal órgão da ONU;

Quinto, cooperação multilateral e parcerias internacionais, pelo é preciso aproveitar este “ensimesmamento de Trump e da América”, enquanto oportunidade para África se entrosar ainda mais entre si e com os outros, perante a indiferença americana. É neste sentido que África poderá chegar ao “cá se fazem, cá se pagam”, após uma tardia aurora americana, que só se vislumbrará em 2028!

Politólogo/Arabista

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O Autor escreve de acordo com a antiga ortografia.

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