Foi no Salão Nobre do Teatro Micaelense que Meg Campbell, a cônsul dos EUA em Ponta Delgada, se juntou ao presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, ao encarregado de Negócios dos EUA, Doug Koneff, ao embaixador de Portugal em Washington, Francisco Duarte Lopes, e ao presidente da FLAD, Nuno Morais Sarmento, num brinde aos 230 anos do mais antigo consulado americano em laboração contínua. Enquanto contava como fez questão de visitar as nove ilhas do arquipélago, tendo encontrado razões para gostar de cada uma delas, Meg Campbell arrancou gargalhadas à assistência ao brincar que, nos três anos no cargo, o seu amor pelos Açores se tornou tal que quando vai ao continente este lhe parece “hiperperiférico”.
Ora, se em 1776 os Pais Fundadores dos EUA brindavam à assinatura da Declaração de Independência com vinho da Madeira, foi nos Açores que, 19 anos depois, em 1795 a jovem nação americana estabelecia formalmente um consulado, liderado pelo cônsul John Street. Ponta Delgada pode não ter sido a primeira representação diplomática dos EUA - o título cabe ao consulado em Tânger, criado em 1786, ou não tivesse Marrocos sido o primeiro país a reconhecer a independência das antigas colónias britânicas -, mas é o mais antigo em funcionamento sem interrupções.
Logo em 1783 a rainha D. Maria I já tinha reconhecido a independência dos EUA. E, desde então, a História entre os dois países tem sido bem longa e rica. Muitas vezes com os Açores no seu centro. Não espanta, pois, que a FLAD, no âmbito das celebrações dos seus 40 anos, tenha escolhido Ponta Delgada para a Sister Cities Summit, um evento que junta autarcas de cidades portuguesas e americanas geminadas.
A representação diplomática dos EUA em Ponta Delgada esteve recentemente nas notícias quando o jornal The New York Times divulgou uma lista de embaixadas e consulados que a nova Administração americana estaria a pensar encerrar neste verão. O Ministérios dos Negócios Estrangeiros português logo disse não ter informações nesse sentido “neste momento”.
Mas a ameaça não desapareceu. E o tema esteve em cima da mesa nas intervenções que marcaram o primeiro dia desta Sister Cities, na quarta-feira. No discurso de abertura. José Manuel Bolieiro deixou mesmo um recado: “O mais antigo consulado americano em todo o mundo está nos Açores e cumpre agora 230 anos de funcionamento contínuo (...). Um facto histórico revelador da nossa ligação que espero, é meu profundo desejo e espero que faça eco onde deve, que continue sem interrupções e duradouro.”
“Quando abrimos o consulado nos Açores, Thomas Jefferson era secretário de Estado e George Washington o presidente”, lembrava-me há uns anos a anterior cônsul, Kathryn Ryan Hammond, enquanto confessava a paixão do filho pequeno pelas vacas açorianas. Agora Meg Campbell descreve-se como “a mais açoriana” dos cônsules americanos. Duas diplomatas rendidas aos encantos do arquipélago e bons exemplos de uma relação especial.
Editora-executiva do Diário de Notícias