#TBT 2024

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Ainda sem ter decidido aderir ao TikTok, mas fazendo uso de outros laivos de modernidade, é quase impossível fugir ao balanço de um ano que se aproxima do final. Assim se justifica a escolha do #TBT (para clarificação, trata-se do famoso hashtag throw back time). O panorama político geral será a base para o enquadramento e desenvolvimento das próximas linhas, começando pelo período homólogo nacional. 

Há 12 meses Portugal estava em plena crise política. Talvez a novidade que daí adveio tenha sido a atual composição parlamentar, resultante das eleições de março. Para além das já referidas, este foi um ano recheado de atos eleitorais. Tiveram lugar também as eleições regionais (cuja dose se repetirá em 2025), onde tudo ficou igual em termos de lideranças. Os portugueses foram ainda chamados às urnas para eleger os seus 21 representantes no Parlamento Europeu.

Dos múltiplos sufrágios, a nível nacional e mundial, houve um denominador comum: o crescimento da extrema-direita. Em Portugal, o partido que representa uma espécie de extrema-direita viu o seu número de representantes parlamentares aumentar significativamente, passando a ter 50 dos 230 deputados. 

Deve realçar-se que os maiores grupos parlamentares, PS e PSD, partidos tradicionalmente moderados, apenas têm mais 28 deputados do que o partido extremista supra referido.

O crescimento geral dos extremismos e populismos tem sido objeto de vários estudos, que apontam para a possibilidade dessa evolução ainda não ter terminado. 

Nesse sentido, e de acordo com uma perspetiva pessoal, as eleições autárquicas afigurar-se-ão como uma prova de fogo a dois níveis: o primeiro está relacionado com os resultados eleitorais, dado que creio que serão melhores do que os de 2021; o segundo, e mais relevante, com o comportamento das restantes forças políticas perante a normalização dos extremos na vida política nacional.

Essa “regularização” foi, em parte, o que permitiu o crescimento da extrema-direita ao nível europeu. São disso exemplo a Espanha, a Alemanha (com eleições marcadas para 23 de fevereiro) ou a França, países que vivem situações de ingovernabilidade desde os resultados catastróficos dos moderados face aos extremos à esquerda e à direita.

O respaldo a esses movimentos ficou ainda mais fortalecido com a mais recente e esmagadora vitória de Trump. A ascensão dos extremistas no mundo ocidental não é um bom presságio para o futuro próximo, sobretudo porque a guerra na Europa e no médio oriente continua a lavrar e a deixar demasiadas vidas em suspenso.

Felizmente, 2024 está prestes a terminar. 2025 terá forçosamente de ser um ano melhor, no qual se espera que o extremismo e a maledicência possam dar lugar à valorização da verdade, da esperança e planos coesos para alcançar a paz. Só dessa forma o coletivo global beneficiará e as pessoas encontrarão uma vida mais digna e melhor. 

Votos de um Próspero 2025.

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