Pó e tinta verdes não poluem?
Os ativistas climáticos são, quase de certeza, dos grupos mais dinâmicos do País. Representem o Movimento Fim ao Fóssil ou da Climáximo - na realidade são a mesma coisa mas com um nome diferente - eles surgem periodicamente para apresentar as suas exigências sejam o fim do fóssil até 2030, o término dos voos de curta duração entre Lisboa e Porto, um plano para o desarmamento em conjunto com as ideias para a paz.
É óbvio que devemos dar a oportunidade para toda a gente defender as suas ideias, concorde-se ou não. Mas é assim que se vive em Democracia. Porém, a minha compreensão e apoio acaba aqui.
Parece-me pouco coerente e muito menos defensável a forma como apresentam os seus ideais e os divulgam. Por exemplo: vamos focar-nos na mais recente iniciativa - atirar pó verde ao líder da Iniciativa Liberal durante uma ação de campanha do partido.
Rui Rocha terá dito ao jovem que falou com ele que a IL não iria cumprir o “fim do fóssil” até 2030 e, por isso, foi brindado com um pó que o deixou “esverdeado”. A ação foi considerada mais uma importante vitória do movimento que se diz constituído por estudantes, os quais partilharam o momento e um comunicado sobre o tema.
Aqui temos uma contradição: o movimento utiliza os telemóveis para gravar os protestos e divulgá-los. Será que o jovens estudantes sabem o que é preciso fazer para obter o lítio para as baterias? E que é preciso uma exploração mineira, muitas vezes a céu aberto, que pode ter impactos ambientais?
Por outro lado, está a faltar-lhes imaginação. Não sei se o leitor se lembra, mas em fevereiro do ano passado durante a campanha para as legislativas que deram a vitória à AD, o líder do PSD foi atingido por tinta... verde. Na altura, foi também um estudante do Movimento Greve Climática o protagonista e, igualmente, com a exigência de o partido se comprometer com o “fim do fóssil até 2023”.
Neste caso, a ação saiu cara pois, em março deste ano, o jovem estudante foi condenado a pagar uma multa de 1600 euros - 527 euros a uma fotógrafa do CDS que também foi atingida e os restantes 1075 a Luís Montenegro por compensação de ter sujado o fato (699 euros), a camisa (130) e os sapatos (129).
Aqui chegados, e esperando que a queixa da IL não condene o autor (ou autores) do protesto a multas que um estudante, acho eu, terá dificuldade em pagar, deixo um conselho: comprem megafones para expressar as vossas ideias e reciclem faixas com palavras de ordem que possam ser utilizadas em diversos protestos. Combinado?
Editor executivo do Diário de Notícias