Plataformas
Um dos elementos do atual quotidiano docente que mais problemas levanta aos recém-chegados é o da multiplicidade de plataformas digitais que agora é necessário usar para corresponder a todas as solicitações que lhes são feitas.
Há a mais antiga plataforma SIGRHE, usada para registo dos dados pessoais e profissionais dos docentes, assim como para participar nos Concursos de Professores, desde o recrutamento às diversas formas de mobilidade. Para quem não está nessa fase, há sempre a necessidade anual de proceder às formalidades relativas ao registo criminal. Sobre essa, nos últimos meses, foi criada uma plataforma dependente do IGeFE (Instituto de Gestão Financeira da Educação), para a qual deveriam migrar os dados dos docentes, com o pretexto das necessidades de cálculo do tempo de serviço a recuperar devido aos congelamentos da progressão na carreira docente.
É esta plataforma que dezenas de milhares de professores têm sido obrigados a consultar, em regra de forma infrutífera, para confirmar os seus dados profissionais (habilitações, início das funções, entrada na carreira, tempo de serviço, avaliação, formação, etc.), que deveriam ser importados das plataformas usadas nas escolas para tarefas de gestão administrativa e registo das atividades letivas.
As mais comuns são as conhecidas como INOVAR e GIAE, a que se acrescentou nos últimos anos uma plataforma do Ministério da Educação com a designação de E360. Em todas estas plataformas foram inseridas múltiplas informações sobre o pessoal docente e não-docente, alunos e respetivas famílias, bem como sobre horários, sumários, avaliações e tudo o que se possa imaginar.
Todas estas plataformas significaram custos, relacionados com o seu desenvolvimento, aquisição, manutenção e renovação de licenças. Uma pesquisa rápida no portal base.gov dá-nos uma visão preliminar de todos estes encargos.
Quanto ao E360, nos últimos 6 anos temos gastos oficiais na ordem dos 3M€, suportados por diversos serviços centrais do Ministério da Educação. Nos casos das plataformas usadas nas escolas, os contratos de aquisição ou manutenção são na ordem das várias centenas, com uma faturação das empresas fornecedoras acima dos 9M€ (Inovar+), num caso, e perto dos 500.000€€, noutro (Microabreu).
A tudo isto se veio somar a aquisição de plataformas municipais para a gestão das questões educacionais, à boleia da transferência de competências, com mais uma camada de digitalização de dados que apenas serve para multiplicar as despesas com estas ferramentas.
De regresso ao portal base.gov basta uma nova pesquisa rápida para se mergulhar em despesas municipais na ordem das dezenas ou mais de uma centena de milhar de euros por cada licenciamento. Será isto mesmo necessário ou não passa de mais uma oportunidade de negócio no “mercado da Educação”?