Pinturas da Dinastia Song

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Na tarde de segunda-feira, fui convidada para a Exposição Especial em Portugal de Pinturas da Dinastia Song (960-1279), no âmbito da “Coleção de Pinturas das Dinastias Chinesas”. Eu, uma visitante comum, sem formação em pinturas nem grandes conhecimentos da área, tive uma surpresa agradável, pois é realmente uma exposição fantástica.

São cópias excelentes de pinturas Song, divididas em 4 secções: “Convergência de Altas Montanhas”, a refletir a unificação entre a Natureza e o Homem, núcleo da filosofia antiga chinesa; “Reflexos da Divindade”, a mostrar flores e pássaros em traços minuciosos, alcançando uma união entre a forma e a alma dos objetos pintados e criando uma harmonia entre os elementos naturais e sentimentos humanos; “Imagens que Contam Histórias”, a apresentar cenas de vida quotidiana da dinastia Song; “O esplendor de uma Época”, a revelar a abundância e a perfeição da técnica de pinturas Song, sendo muitas delas classificadas como “tesouros nacionais”.

Captou-me o maior interesse e curiosidade a parte que retrata o quotidiano da era Song: venda de chá, jogos de xadrez, crianças a brincar no pátio, prazer de pesca, vendedor de peixes, cavaleiro a regressar da caça, roda de fiar, carroça, banquete noturno, tocando instrumentos musicais, conversando sob a sombra dos pinheiros, reunião literária, entre muito mais temas. Existe também uma parte da obra de grande fama e preciosidade, Ao longo do Rio durante o Festival Qingming, feita por Zhang Zeduan (1085-1140?) em seda, cuja versão original está arquivada no museu da Cidade Proibida, sendo proibida de ser exposta no estrangeiro. A pintura original, de 528.7cm de comprimento e 24.8cm de altura, retrata a vida em Bianjing, capital de Song do Norte (960-1127), mostrando a zona rural, a zona rural-urbana e a zona urbana. Nesta última zona, podemos ver lojas seguidas, de todo o tipo de negócios, à beira do rio Bian e pessoas de todas as profissões, ricas e pobres, num total de 814 pessoas, 28 barcos, 60 animais, 30 construções, 20 veículos terrestres, 8 liteiras e 170 árvores, conforme uma fonte. Lembrei-me que na Expo Xangai de 2010, a pintura foi reproduzida no Pavilhão da China, recorrendo à tecnologia eletrónica, com movimentos de pessoas, animais e veículos; no balcão de uma farmácia está exposto um ábaco, calculador tradicional chinês, o primeiro registado na pintura chinesa.  

Todas as obras expostas têm um tom amarelado escuro. Será o estilo da época? Comentámos entre nós, uns visitantes. Mas depois, ao folhearmosdenormes álbuns sobre pinturas Song, conversando com uma funcionária, percebemos que o amarelo resultou do passar do tempo, pois são obras artísticas de há cerca de mil anos. Ficámos também a saber que existem mais de 1100 pinturas Song, espalhadas no mundo inteiro. Os profissionais viajaram pelo mundo para reproduzir as pinturas e escolheram 103 para esta exposição em Portugal.

A exposição é organizada pelo Departamento de Cultura, Rádio, Televisão e Turismo da província de Zhejiang e promovida em Portugal pela Delegação de Zhejiang chefiada pelo seu vice-governador executivo, com o objetivo de apresentar Zhejiang em Portugal em prol do intercâmbio entre os dois países em áreas da economia, cultura e turismo. A cidade de Hangzhou, capital de Zhejiang, foi a capital de Song do Sul (1127-1279). Conforme a apresentação da organização, quando o presidente Xi Jinping trabalhava em Zhejiang, planeou e apoiou pessoalmente o projeto cultural nacional“Coleção de Pinturas das Dinastias Chinesas”. 

A exposição é aberta ao público até o dia 25 de junho. Não percam a oportunidade e sejam bem-vindos à Gare Marítima de Alcântara, Lisboa, para apreciar esta exposição fantástica, deleitando-se da milenária cultura chinesa.

*Presidente da Associação Portuguesa dos Amigos da Cultura Chinesa

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