Opinião Pessoal (XXXVI)
Retomo o tema do cancro.
Nunca é demais insistir que há alguns riscos que predispõem as pessoas para certas doenças oncológicas que devem ser conhecidos na perspetiva de serem tomadas ações preventivas. É um princípio básico, porque muitos riscos são evitáveis pelas opções que tomamos no dia a dia, em termos de comportamentos.
Comecemos pelo risco mais falado e, a seguir, pelo menos admitido. Ambos evitáveis, sublinho.
O primeiro é, como todos concordarão, o tabagismo. O fumo originado pela queima da folha o tabaco é forçosamente inalado pelo próprio fumador, mas, igualmente, por quem estiver por perto, sobretudo em ambientes fechados. Está cientificamente comprovado que quando apenas um dos cônjuges de um casal é fumador, a probabilidade do outro não-fumador ter cancro do pulmão também aumenta como resultado do fumo passivo (os ingleses usam a interessante expressão de fumar em segunda mão) que também representa risco.
A este propósito, posso testemunhar que tinha um amigo sindicalista que morreu muito cedo devido a um cancro do pulmão, apesar de nunca ter fumado, mas que passara a sua vida a inalar o fumo dos outros durante as longas reuniões noturnas da sua organização.
O fumo passivo é uma realidade que tem de ser compreendida. Ainda há dias, interpelei uma jovem mãe que estava a fumar com a sua criança ao colo, apesar de estar numa esplanada aberta. Não resisti. Disse-lhe que estava a fazer mal ao seu bebé e que não tinha esse direito. O meu tom de autoridade terá ajudado a resolver a situação de imediato. Espero que tenha servido de lição!
O outro comportamento de risco, menos percetível, é a exposição ao sol sem camisa, T-shirt protetora e sem chapéu de abas largas, tanto na praia como no campo. Todos deviam saber que, pelo menos entre as 12.00 e as 16.00 horas, essa proteção é muitíssimo importante para evitar o cancro cutâneo (melanoma maligno).
Por estas razões, é preciso que todos compreendamos os efeitos dos nossos comportamentos, incluindo da alimentação, no que se refere ao cancro, uma vez que há determinados estilos de vida que encurtam o tempo de estarmos vivos.
Se gostamos de viver não devemos fumar, nem estarmos desprotegidos à exposição dos raios solares.
Mas, já perante a doença, todos sabem que o diagnóstico precoce é fundamental para permitir o início rápido da terapêutica.
Ora, no começo, o tratamento do cancro estava limitado à cirurgia e só depois surgiram, sucessivamente: a radioterapia, quimioterapia e, mais recentemente, a imunoterapia e a terapia celular.
Mas, a inovação atual está associada a custos muito elevados destes medicamentos, que representam montantes incomportáveis para os orçamentos dos hospitais.
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