Opinião pessoal (L)

Publicado a
Atualizado a

Uma vez que estamos próximos do Natal componho alguns apontamentos sobre o açúcar & açucarados, visto que são mais consumidos durante os dias que se avizinham. Veremos que os excessos representam riscos que devem ser evitados e que impõem prevenção. É uma questão de requinte, sublinho.

Começo por contar uma historieta que testemunhei há muito tempo. Minha Mãe, no verão de 1954, arrendou uma casa rústica no Monte da Caparica, a fim de levar os filhos a respirarem iodo na praia. Ao lado da “nossa” casa morava a senhora Maria que acabara de ter uma criança chamada Laura. Ora, quando a Laura chorava a Maria corria para silenciar a filha com a chucha envolvida em açúcar. Era uma rotina que se repetia dia e noite e que gerava um confortável silêncio, aliás muito apreciado por todos nós.

Muitos anos depois, em 2014, Laura adoeceu gravemente, tendo sido admitida no Serviço de Urgência do Hospital Garcia de Orta com o diagnóstico de coma diabético. Tinha 60 anos e era obesa. Claro que Maria, naquele verão de 1954, ignorava que o açúcar na chucha iria colocar em risco a saúde da filha.

Precisemos.

Os açucares são hidratos de carbono que fornecem energia indispensável à vida através da penetração do açúcar que está no sangue (glicemia) nas células do corpo humano. Para tal, é necessária a presença de insulina. Mas, quanto maior for a ingestão de açúcar mais irá para o sangue e tanto maior será a produção de insulina e o risco de resistência à sua ação. Perante esta falha da insulina, o açúcar não penetra nas células e, em consequência, aumenta no sangue (hiperglicemia): é a diabetes tipo 2.

Os hidratos de carbono estão presentes nos cereais, leguminosas, frutas, leite e derivados, bolos, doces e bebidas açucaradas (refrigerantes).

O açúcar refinado, utilizado nas cozinhas para preparação de sobremesas e, também, servido juntamente com o café, é a sacarose que é obtida a partir da cana-de-açúcar. A respetiva fórmula química é C12 H22 O11.

Como se sabe, a imensa maioria da sacarose consumida atualmente é importada, uma vez que as plantações de cana sacarina na Madeira são, agora, diminutas, ao contrário do que acontecia no passado.

Conclusão lógica: a fórmula química da sacarose com a sequência de carbono, hidrogénio e oxigénio faz entender a designação de hidratos de carbono.

Conclusão médica: o açúcar pode ser considerado quase um “veneno” quando consumido em excesso.

Conclusão económica: é grande a quantidade desperdiçada nos pacotes servidos em cafetarias e restaurantes que, por não serem consumidos pelos clientes, vão para o lixo. Como o açúcar é importado, faria sentido precaver o seu desperdício, servindo-o apenas a quem solicitar.

franciscogeorge@icloud.com

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt