Não largam as canelas a Durão

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Ainda hoje, em jornais portugueses, há quem entre quatro palavras à escolha lhe prefira o apelido Durão. Geralmente nos títulos, porque é curto. E era um bom nome para político. Se bem se lembram, ele deixou-o cair foi quando se exportou para Bruxelas. O til tão ignorado na Europa - além de nós só o usam (e menos) os espanhóis e os estonianos - fazia tropeçar na comunicação. Um incómodo para quem queria tornar-se conhecido e rápido.

Por isso, em 2004, quando substituiu Romano Prodi (nome fácil), e lhe perguntaram como o tratar, ele respondeu: "Pelo meu nome de família, simplesmente Barroso." Não havia traição nenhuma, também era o seu nome, qualquer Barack Obama que deixou cair o Hussein do meio o entenderá. Já para não falar em tantos artistas (outra área em que a popularidade é importante): o rapper 50 Cent nunca faria carreira com o seu nome batismal de milionário, Curtis James Jackson III.

Tirando essas pequenas questões práticas, um nome é um nome, e não merecia ser trazido para aqui não fosse a ironia: quem fez de Durão, Barroso, foi a União Europeia. Agora que ela aguente as consequências. A petição "Em Nosso Nome, Não", que já vai em 140 mil assinaturas para tirar a reforma ao homem, é um exagero. A começar por tanta assinatura: sendo iniciativa de funcionários da UE, surpreende por sugerir tanto eurocrata.

Já aqui o escrevi: do que se trata agora, quando alguém não foi tão durão e foi demasiado barroso a aceitar o convite do banco das negociatas, é que a UE cumpra o seu dever de vigilância. O lobista que seja tratado como lobista e só. Toda a atenção é pouca quando o Brexit foi em junho e um banco sediado na Europa em Londres, se apresse, em julho, a contratar um ex-presidente da Comissão Europeia. Mesmo que este se chamasse João Dinheiro Nem Vê-lo.

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