Na Black Friday, olhe bem para o preço antes de olhar para o desconto
Disse um dia Marilyn Monroe que a felicidade não está no dinheiro mas sim nas compras. A Black Friday, uma invenção americana que se propagou à escala global, é o símbolo máximo deste ponto de vista. Junte-se a atração irresistível do ser humano por promoções - ou pelo menos pela aparência de uma boa promoção - e temos nesta altura do ano um desafio como nenhum outro para os consumidores, em Portugal e um pouco por todo o mundo.
A proposta da Black Friday é muito simples: grandes descontos numa série de produtos, oportunidades únicas, é agora ou nunca, mexa-se depressa, compre já, já, JÁ. Porém, a realidade muitas vezes não corresponde às promessas e aos cantos de sereia promocionais.
Na DECO PROTESTE, nos últimos anos identificámos um conjunto de comportamentos comerciais enganadores e lesivos dos interesses dos consumidores, e este ano deixamos de novo o alerta: esteja atento, informe-se. Por exemplo, com a nossa ferramenta de deteção de promoções fictícias: https://www.deco.proteste.pt/comparar-precos *).
Em 2015, quando começámos a monitorizar de perto a evolução dos preços nas lojas, antes e durante as ofertas, passámos também a denunciar à ASAE, à Direção-Geral do Consumidor e ao Ministério da Economia a manipulação dos preços nesta época, e a exigir ao mesmo tempo mais fiscalização e, quando necessário, mais e mais pesadas sanções.
É bom recordar que a última legislação sobre esta matéria, publicada em 2019, obriga a que a percentagem de desconto seja aplicada ao preço mais baixo praticado pelo estabelecimento em causa, para aquele produto específico, nos 90 dias anteriores à promoção, não se incluindo aqui campanhas nem saldos. Pretendeu-se com esta alteração combater o aumento dos preços pouco antes das promoções, estratégia utilizada por alguns comerciantes para conseguirem publicitar reduções falsas na Black Friday.
Com efeito, a verdade é que entre 2015 e 2018 confirmámos vários casos de subida dos preços dias antes da Black Friday, com o objetivo de simular promoções que não o eram, ou não eram tão interessantes como pareciam. E é igualmente verdadeiro que em 2019 detetámos ainda outras irregularidades na Black Friday - produtos em promoção que não mostravam o preço anterior ou a percentagem da redução; lojas que não apresentavam o preço riscado, e em que o preço dos produtos já tinha estado mais baixo; e outras situações em que não havia mesmo uma redução real dos preços.
No momento da compra, a grande maioria dos consumidores age - ou, mais exatamente, reage - por instinto, emocionalmente. Os vendedores e as marcas sabem-no muito bem e para nos convencer a comprar certos produtos e a decidir rapidamente por eles, sem reflexão, recorrem a um arsenal de táticas, umas mais e outras menos legítimas, mas todas a exigir atenção redobrada se queremos fazer escolhas racionais. É muito importante termos consciência de que uma loja em período de Black Friday, seja uma loja física ou online, é um ambiente comercial que requer a maior vigilância por parte do consumidor.
Como dizia em tempos uma campanha de prevenção rodoviária - seja prudente, evite o acidente. Neste caso, não um acidente com o seu automóvel mas um desastre com a sua carteira. E, se acaso não conseguiu evitá-lo, a nossa razão de ser, na DECO PROTESTE, é ajudá-lo a resolver a situação. Para que, na Black Friday, não fique com um olho negro financeiro.
* A ferramenta Comparar Preços ajuda a perceber se os descontos anunciados em épocas como a Black Friday são boas oportunidades de compra. Esta ferramenta de pesquisa regista a evolução dos preços dos produtos nas lojas online, para aconselhar ou não a sua compra. Basta pesquisar o nome da loja e do produto, ou, mais simples ainda, inserir na caixa "Pesquisa pelo URL" o link completo do produto tal como surge na loja online.
Responsável pelas Relações Institucionais da DECO PROTESTE