O Presidente da República tem razão

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Na noite do primeiro dia do ano, Marcelo Rebelo de Sousa falou ao país, na tradicional mensagem em que o Presidente da República inicia o ano político. E de que falou o PR? Marcelo começou por enumerar os muitos e graves desafios internacionais que teremos que enfrentar nos próximos meses.

Falou das guerras que colocam em xeque a paz que nos habituámos a viver na Europa nos últimos 80 anos, a que se somam outras guerras, que não referiu, mas que nos deveriam preocupar, como os vários conflitos no norte de África e que, se correrem ainda pior do que já correm, podem colocar-nos na linha da frente dos conflitos.

Lembrou os desafios que a União Europeia enfrenta, com crises políticas e económicas no eixo Paris-Berlim e, embora não o tenha dito, poderia ter acrescentado a crescente divisão entre os líderes que abraçam uma visão democrática e moderada e aqueles que olham para o mundo através de um filtro de desconfiança, divisão e confronto.

Antecipou o regresso ao poder de Donald Trump e o que isso poderá significar para a relação transatlântica na economia e comércio, na segurança e defesa ou no direito internacional e multilateralismo e concluiu dizendo que a quebra da cooperação entre as democracias poderá dar espaço a uma narrativa autoritária que coloque um desafio significativo no mundo.

Gostemos ou não da leitura que o Presidente da República faz do ambiente internacional que enfrentaremos em 2025, será difícil discordar da mensagem principal de Marcelo: o mundo está muito mais complicado e nem a Europa, nem Portugal ficarão imunes aos desafios e impactos que se seguem.

A segunda parte da mensagem do Presidente focou-se no nosso país. Assinalando os 50 anos do 25 de Abril e o centenário de Mário Soares e sendo consequente com o quadro internacional que traçou antes, Marcelo relembrou que a democracia é um sistema frágil que deve ser acarinhado e alertou para a necessidade olharmos para o futuro, antecipando os vários desafios que nos baterão à porta e não ficarmos sentados à espera de que eles nos entrem pela casa adentro.

Para fazer tudo e o muito que temos de fazer, o Presidente conclui que não devemos perder tempo ou gastar energias com discussões inúteis ou inconsequentes e trabalharmos em conjunto, usando os instrumentos que temos e os que a UE nos disponibiliza, para garantirmos um crescimento económico sustentado e um elevador social eficaz que permita a todos os que cá moram e que contribuem para o nosso progresso coletivo, venham de onde vierem, um presente e um futuro melhores, com especial atenção para os mais pobres.

O mundo é o que é e se não formos capazes de trabalhar juntos, uns sobreviverão, mas muitos sofrerão e, portanto, todos perderemos. Gostemos ou não, o Presidente tem razão.

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