O (nosso) castelo andante!
Na passada sexta-feira recebi uma visita: a Bruxa do Nada! Abri a porta e não o devia ter feito, pois a sacana da bruxa lançou-nos um feitiço.
Ali estávamos presos, numa realidade postiça, mas real.
De repente o mundo teimava mudar. Caminhava para uma verdade artificial e eu, rodeado de tudo, senti-me sem nada. Sem tecnologia, sem jogos, sem espaço em casa ou no jardim para me poder esticar, sem alma.
Vou ler! Pensei eu.
Fui à biblioteca da sala e escolhi, escolhi, escolhi e nada. Nada!
Estava vazio. Preso.
E agora?
- Pai! Porque não vamos com a Sophie?
- Hã? Que estás a dizer Joana?
- Ela também está a tentar quebrar um feitiço. Vai ser divertido! Vamos com o Cabeça de Nabo e com o Calcifer - disse-me a minha filha.
- E quem são esses? Também estão no castelo? - perguntei.
- Sim! Então, o Calcifer é o fogo que faz o castelo andar. Mas eles andam um bocadinho perdidos, mas isso não faz mal. Se calhar até os podemos ajudar. E o Cabeça de Nabo é um trapalhão gentil. Ele faz tudo ao contrário, mas não é por mal. O castelo passa aqui muitas vezes, tu é que nunca o vês. Estás sempre enfiado no "cristório". Ou a trabalhar, ou ao telefone, ou no computador! Sempre lá enfiado... Anda pai, vamos com eles. É como se o castelo também fosse nosso!
- E o Howl? Não te vai roubar o coração? Tu és uma menina bonita!
- Não! Eu não vou gostar dele assim, dessa maneira. Ele só rouba os corações às namoradas.
- Achas mesmo, Joana? Queres mesmo ir?
- Sim, pai, vai correr bem. Só temos que entrar na história. E quando estivermos aborrecidos ou algo estiver a correr mal, mudamos a cor do disco e saímos para um mundo diferente. Podemos sempre escolher um mundo melhor, não é pai?
Podemos. E para isso basta querermos mudar.
Seja a cor do disco. Seja o que for!
Designer e diretor do IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação da Universidade Europeia